28 outubro 2009

Bebidas travam disputa energética

Novos players disputam espaço em segmento que cresce a passos largos no Brasil e tem Red Bull como líder

Por Paula Ganem

Movimentação intensa no mercado de bebidas energéticas. De julho para cá, três novas marcas foram lançadas no País: TNT, da Cervejaria Petrópolis, a internacional Dark Dog e Gladiator, da Coca-Cola, empresa que já tem outro produto no segmento, Burn.

A chegada de tantos novos concorrentes não é mera coincidência. Entre dezembro e julho de 2008, o consumo de energéticos no Brasil foi de 11,7 milhões de litros. No mesmo período deste ano, esse número já era de 17,3 milhões, um salto de 48,5%, segundo dados do Instituto Nielsen.

Nesse cenário reina a marca Red Bull, com o domínio de mais de 50% do mercado. Isso faz com que os novos players entrem em ação, ambicionando, de início, a segunda posição. "No período em que os Estados Unidos consomem 4 bilhões de latas, o Brasil consome 150 milhões. Ainda há uma fatia muito grande de mercado a se conquistada", explica João Wickert Taffarel, diretor de marketing da Dark Dog Brasil.

Os concorrentes recém-chegados sabem também que o espaço para crescer é explorar o consumo do produto durante o dia. "Optamos por trazer Gladiator para o mercado brasileiro porque fizemos pesquisas que apontaram grande demanda por um produto energético adequado a ocasiões diurnas", comenta John Pinto, diretor de marketing de novas bebidas da Coca-Cola Brasil. "Observamos o mercado mundial e percebemos que o energético é visto como uma espécie de refrigerante de adulto. Não é um produto só focado na noite", reforça Douglas Costa, gerente de marketing da Cervejaria Petrópolis. Por isso, a empresa resolveu trabalhar o vínculo da marca TNT com os esportes desde o seu lançamento. Na semana passada, inclusive, anunciou a criação do TNT Team, um grupo de 17 atletas patrocinados pela marca. Os esportistas olímpicos são o nadador Cesar Cielo, o judoca Flavio Canto e as gêmeas do nado sincronizado, Bia e Branca Feres. Os demais atletas são representantes de esportes radicais, como o lutador Rodrigo Minotauro.

O contrato de patrocínio fechado com os esportistas olímpicos vai até 2012, quando ocorrem os Jogos de Londres, com prioridade de renovação até 2016, ano em que o evento será realizado no Rio de Janeiro. Já os atletas de esportes radicais têm contrato fechado até 2010, também com prioridade de renovação. De acordo com Costa, o lançamento do TNT conta com investimentos de R$ 2,5 milhões. Antes disso, a marca patrocinou a escuderia Brawn no Grande Prêmio de Interlagos de F-1, realizado no domingo, 18. A agência que dá apoio às ações de marketing é a Multi Solution.

Batalhadores

A Coca-Cola, por sua vez, investe na conquista do público que estuda e trabalha. Por isso, Gladiator conta com diferentes sabores. A estratégia de lançamento inclui ainda disponibilizar o produto em latinhas de 473 ml pelo mesmo preço das de 250 ml dos energéticos já existentes no mercado. Embora ambas as marcas da empresa sejam atendidas pela NBS, o posicionamento de cada uma é bastante diferente. "A campanha do Burn é direcionada aos frequentadores de baladas, festas de música eletrônica, shows, por ser um produto consumido em ocasiões de socialização à noite", comenta Pinto. "Já o conceito do Gladiator traz a ideia de que o brasileiro é o próprio protagonista de sua história, ajudando-o a manter a energia mental e emocional na busca de um futuro melhor

Para o lançamento da marca foram criadas ações para TV e internet. Entre elas, uma de conteúdo no programa Pânico na TV, da Rede TV. O quadro Gladiadores de Verdade traz uma arena onde personagens como o Motoboy Marino e o Estudante Mascarado entram em combate contra os inimigos do dia a dia. Entre eles, Patrão, Impiedoso, Temível Ônibus Lotado e Salário Merreca Mínimo. Já para a web, além do site de Gladiator (www.gladiadoresdeverdade.com.br), foram lançados games.

Em outra frente, a estratégia da Dark Dog passa primeiro pela promoção da experimentação do produto em locais frequentados pelo público-alvo da marca. "O objetivo é educar o consumidor, que ainda não entende muito bem o que é uma bebida energética", comenta Taffarel. A marca também apoia a skatista brasileira Karen Jones. "Mas a bebida não é só para o público jovem, é para todo mundo que precisa de energia", pondera o executivo. Em um segundo momento será lançada a campanha de mídia, incluindo patrocínio de programas de rádio, inserções em revistas e internet. Com investimentos de R$ 2 milhões, o lançamento conta com o suporte da Wild Propaganda. "Em cinco anos queremos alcançar o segundo lugar no segmento", diz o diretor de marketing. A Dark Dog é uma bebida austríaca que hoje está presente em 40 países.

22 outubro 2009

Marketing Viral: utilize bem

Pode ser uma excelente ferramenta de captação de recursos e comunicação no Terceiro Setor.

Como um vírus, a ideia do marketing viral é se espalhar com proporções similares às de uma epidemia, alcançando um grande número de pessoas a baixos custos. O processo pode funcionar no famoso ‘boca a boca’ ou por meio da internet. E-mails, sites, blogs e páginas de relacionamento são excelentes veículos para espalhar o vírus da informação. Para as organizações do Terceiro Setor, pode ser uma grande ajuda, já que é simples e, se bem utilizado, bastante eficaz.

Explorar redes sociais já existentes é o foco do marketing viral, que tem como meta divulgar marcas e práticas que possam ser replicadas. A estratégia é pedir a outros indivíduos que passem adiante uma mensagem, o que gera oportunidades diversas. Essa atitude demanda menos energia, e espera-se que isso se torne uma bola de neve, no bom sentido da expressão.

A teoria do “Mundo Pequeno”, publicada em 1967 pelo psicólogo norte-americano Stanley Milgram, foi a base do conceito do marketing viral. Mais tarde, o estudo ficou conhecido como os “seis graus de separação”, já que mostrou que este é o número máximo de contatos necessários para criar uma ponte entre duas pessoas em qualquer lugar do planeta. Assim, se seis contatos são suficientes para atingir qualquer pessoa no mundo, cada ser humano se torna um importante canal de comunicação.

Atualmente, com o uso da internet, esses contatos ficaram ainda mais simples. Um bate-papo informal pode ‘vender’ uma causa ou uma marca e, pela teoria do mundo pequeno, esse assunto será facilmente expandido de maneira exponencial.

Como utilizar o marketing viral no Terceiro Setor?

Investindo pouco ou, às vezes, nada, é possível divulgar sua causa por meio desta ferramenta.

Mas é importante tomar cuidado com o público que se quer atingir, para que suas mensagens não sejam consideradas inoportunas e inconvenientes. Se isso acontecer, os destinatários podem classificar seus e-mails como spam e ter uma imagem equivocada de sua organização. Afinal, assim como a boa imagem da organização pode ser transmitida com a velocidade de uma epidemia, a imagem ruim também pode.

Para investir sem erro nessa poderosa ferramenta, confira a seguir os sete princípios do marketing viral, que podem ser aplicados facilmente em organizações do Terceiro Setor.

1) Ofereça um produto ou serviço de valor para seus prospectores.
Esse quesito baseia-se na oferta de produtos ou serviços gratuitos. Para instituições, pode ser colocado em prática de outra maneira, por meio de campanhas. Um exemplo é vender produtos que gerem renda à instituição e sensibilizar os receptores em relação à causa.

2) É preciso ser bem definido e de fácil transmissão.
Os meios pelos quais a mensagem passa devem ser fáceis de serem replicados. Assim, é interessante utilizar e-mails e sites gratuitos. É importante que o conteúdo da mensagem seja simples e curto, para que não fique pesada.

3) Capacidade de crescer rapidamente.
A mensagem deve ser retransmitida rapidamente para que, quando os usuários começarem a utilizar o serviço, possam promovê-lo e colocar em prática o marketing viral.

4) Comportamentos comuns.
O ‘vírus’ deve causar um apelo às emoções humanas, especialmente no Terceiro Setor, gerando a vontade de passá-lo para frente.

5) Redes de comunicação já existentes.
Aproveite as redes já existentes, como grupos de amigos, familiares e colegas de trabalho, que podem facilitar a transmissão de mensagens para um maior número de pessoas.

6) Recursos de terceiros.
É possível colocar textos ou imagens em outros sites, por meio de parcerias. Alguns sites permitem que isso seja feito até gratuitamente.

7) Baixo custo.
O ideal é que o único custo no marketing viral seja o da criação do que será transmitido. Quanto mais leve e divertido for, mais chances terá de ser replicado. Atualmente, há a estratégia de criar jogos interativos que prendem a atenção e divertem o receptor.

Com o mundo da internet e a interatividade cada vez mais em alta, não haveria melhor momento para colocar em prática esse tipo de comunicação. Graças à existência de sites gratuitos e com grande número de acessos, como Orkut, Twitter, Google e YouTube, é possível divulgar ações sem gastar nada. Além disso, os sites das próprias instituições devem ser ferramentas práticas, que permitam a comunicação ágil e que demonstrem a transparência e credibilidade da organização.

Por Marcio Zeppelini (consultor em comunicação e marketing para o Terceiro Setor, editor da Revista Filantropia, produtor editorial pela Universidade Anhembi Morumbi e diretor executivo da Zeppelini Editorial & Comunicação)

HSM Online

A força do viral

Ed Robinson, da The Viral Factory, analisa o desempenho desse tipo de ação dez anos após o seu surgimento

Por Paula Ganem

O e-mail, mecanismo considerado "cool" pela geração de 30 e poucos anos, não significa grande coisa para os jovens. Hoje, é preciso contar com outros mecanismos de seeding para espalhar um viral e fazer sucesso na internet.

É esta a conclusão da palestra do co-fundador e diretor criativo da londrina The Viral Factory, Ed Robinson, no New Brand Communication. Ed falou diretamente de Londres via web em substituição ao seu sócio, Matt Smith, que não pôde comparecer ao evento.

Ele disse que hoje os virais não são mais tão baratos (uma campanha global pode custar 300 mil dólares) e são poucos os que fazem sucesso em todo o mundo (Ed estima que sejam menos de 5%).

O criativo, porém, reforçou que este não deve ser um mecanismo usado apenas pela a audiência e que o fato de as marcas terem dinheiro é mais um ponto positivo para alcançar êxito com uma ação do tipo. "O fato de a maioria dos virais ser feita por consumidores não quer dizer que não possamos fazer. Nós somos pessoas do ramo criativo", lembrou.

A The Viral Factory surgiu há dez anos. "É o mais velho que você pode ser no ramo", comentou Ed.

Especialistas discutem o futuro das marcas

New Brand Communication acontece na Faap, em São Paulo

Por Jonas Furtado e Lena Castellón
20 de Outubro de 2009 às 11:11

De 20 a 22 de Outubro, na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), ocorreu a segunda edição do New Brand Communication (NBC). O evento, que acontece em São Paulo, reúne executivos de agências européias e americanas e especialistas em comunicação vindos de nove países que mostrarão cases consagrados para compartilhar suas experiências com profissionais e estudantes de marketing e propaganda.

O evento é idealizado pela Good People Share, rede de relacionamento global que busca entender e compartilhar o que há de vanguarda na comunicação mundial. O objetivo é transformar a inteligência coletiva em conteúdos práticos nas áreas de marketing e publicidade.
A apresentação inicial ficou a cargo do australiano Joshua Green, pesquisador do Instituto Massachusetts de Tecnologia, de Boston (EUA). Coautor do livro You Tube e a Revolução Digital, Green expôs dados da primeira pesquisa de grande escala sobre o conteúdo, estrutura e usuários do mais popular site de vídeos da web.

Segundo a amostragem do estudo, 50% do conteúdo postado no portal é produzido por usuários e 42% pela mídia tradicional. Sessenta e dois por cento dos posts é feito por usuários regulares - ou "comuns".

"Quando postam vídeos produzidos por mídias tradicionais, os internautas querem expressar um gosto, estar por dentro de eventos e comentar sobre os grandes hits", afirmou Green. "Já quando postam vídeos produzidos por eles mesmos, a intenção é se exibirem, comentarem e experimentarem a si mesmos."
Para Green, não é possível entender o sucesso de um conteúdo viral prestando atenção apenas no próprio vídeo. "É preciso qualificar a natureza do relacionamento que as pessoas constroem em volta dele", analisou.

Redes sociais

A segunda palestra do NBC 2009 foi "A nova moral digital: consumidores, marcas e redes sociais", ministrada pelo antropólogo e pesquisador inglês Tim Lucas, da TWRAmericas. A empresa desenvolve estudos e projetos para marcas interessadas em conhecer mais a respeito de tendências culturais e hábitos de consumo do público jovem. Com essa experiência e com base em pesquisas qualitativas, Lucas trouxe algumas das questões que rondam o tema, como os dilemas éticos gerados pelo comportamento nas redes sociais, a privacidade e as implicações do uso da tecnologia na vida cotidiana e no ambiente de trabalho.

A TWRAmericas esteve recentemente conduzindo um trabalho para a Microsoft, em Londres. Um dos dados colhidos é que 69% das pessoas gostariam de esconder seus perfis online de alguém, um índice que leva à discussão de uma nova ética gerada pelo comportamento na web. São dilemas como xeretar as páginas pessoais na mídia social, comentar fatos descritos unicamente na internet ou ter sua vida "analisada" pelos colegas ou pelo chefe no escritório. Uma das perguntas levantadas por Lucas é quanto se pode entender de um indivíduo apenas pelo que ele faz nas redes sociais. Ele aponta que é possível fazer diferentes leituras de acordo com o site pesquisado. Por isso, é preciso ter em mente que a rede social é uma outra forma de interação e de engajamento e que é importante lembrar que elementos como idade, sexo, status ainda são necessários para avaliar os hábitos do consumidor.

E o qual seria o próximo passo na rede social? Lucas afirma que os consumidores terão mais habilidades no mundo digital e que os padrões de comportamento vão mudar das novas ferramentas e do avanço da tecnologia. Ou seja, é preciso acompanhar sempre como as pessoas estão se relacionando na web. Também é fundamental lembrar que, assim como há regras de conversação no mundo real, há regras de conversação no mundo virtual. E as marcas devem estar atentas a isso e respeitá-las.

Sobre privacidade, Tim Lucas discorda da posição de algumas pessoas - entre elas, os próprios consumidores entrevistados para suas pesquisas. "Não acho que a privacidade deixou de existir, mas que o conceito se modificou". No passado, a privacidade era vista como uma maneira extrema de proteger a informação, utilizando todas as ferramentas possíveis para maximizar essa sensação.

Hoje, o indivíduo pondera os riscos e os benefícios em se expor. É como se fosse uma negociação. Mas com o estabelecimento de limites que as pessoas adotam para se proteger. "A grande questão é saber quem está no controle: nós ou a tecnologia", completa Lucas. Uma das conclusões de seus estudos é que o público usa a tecnologia para fazer coisas que gostaria de fazer e não conseguiria se não fosse pela tecnologia, como manter contato com os filhos via MSN. Um dos números apresentados pelo pesquisador indica que 72% das pessoas utilizam a internet no ambiente de trabalho por razões pessoais.

31 agosto 2009

Qualidade em Processos de Marketing


Marketing é uma força que deveria permear toda a empresa, e qualidade deveria ser a preocupação global

Por Marco Botelho, do Mundo do Marketing | 31/08/2009

Atualmente, qualidade é uma função que permeia todos os aspectos do trabalho de uma organização, a utilização de práticas e conceitos de controle de qualidade em marketing não só é factível como também recomendada. Deve-se buscar maior entrosamento entre áreas técnicas (produto) e marketing para reconhecimento mútuo da importância das atividades na busca do aperfeiçoamento contínuo. Enquadra-se, portanto, na mesma categoria de outras funções, tais como custos, despesas, balanços, orçamentos etc. Aplica-se ao desempenho de pessoas, inclusive suas ações e decisões, independente do nível de trabalho que estejam realizando.
No início, o controle de qualidade estava limitado às áreas de produção, no chão de fábrica. Mais tarde foi gradualmente se expandindo para atividades relacionadas à produção, tais como compras, recebimento de material, expedição etc., tornando-se parte regular das amplas atividades de uma empresa.

A partir de uma contextualização de qualidade e de marketing descobre-se a necessidade de se introduzir conceitos de controle de qualidade na área de marketing, devido a sua posição estratégica no sucesso da empresa. O controle de qualidade nas atividades desenvolvidas em marketing resulta em um aperfeiçoamento contínuo no processo de execução das atividades e nas tomadas de decisões. Resulta não somente em uma estratégia competitiva como também se torna fator importante na sustentação do sucesso empresarial pela vantagem competitiva que representa.

O conceito de marketing foi se ampliando e passou a ser compreendido como o processo de planejar e executar a concepção, precificação, promoção e distribuição de idéias, bens ou serviços, para criar trocas que satisfaçam objetivos individuais e organizacionais.

Se imaginarmos a evolução de ambas as atividades - qualidade e marketing - como a partir de um foco de aplicação, expandindo-se em círculos concêntricos, espraiando-se pela empresa, é natural que cheguem a se inter-relacionar. Porém, a necessidade do controle de qualidade em marketing deve-se muito mais à ampliação da noção do que vem a ser qualidade do que da evolução do conceito de marketing. Pode-se dizer que o controle de qualidade alcançou marketing.

Entre as muitas definições de qualidade, utilizaremos daquela que o cliente é quem tem a palavra final sobre qualidade e dá seu veredicto, muitas vezes deixando os produtos nas prateleiras das lojas ou os automóveis nos pátios das fábricas. Qualidade é uma determinação do cliente, não do engenheiro, do marketing e nem uma determinação da alta gerência. Baseia-se na experiência vivida pelo cliente com o produto ou serviço, em relação às suas expectativas anunciadas ou não, conscientes ou inteiramente subjetivas e sempre representando um alvo móvel no mercado competitivo e, qualidade sempre comporta aspectos tangíveis e intangíveis.

O produto com qualidade é aquele com maior valor para o cliente – satisfação, uso, beleza, status, desempenho etc. – e ao menor custo que ele esteja disposto a pagar. Com essa abordagem, as áreas operacionais da empresa interligam-se intimamente à Área de Marketing.

Peter Druker sintetizou a importância de marketing para a empresa quando escreveu: “Até que o consumidor tenha experimentado a utilidade final, não existe realmente um produto; existem matérias primas. E a perspectiva de marketing concebe a empresa como dirigida para a satisfação da necessidade de um consumidor e como provedora de uma utilidade para esse mesmo consumidor”, BOYD; MASSY (1978).

Existe uma clara distinção entre o conceito de vendas e o conceito de marketing. O conceito de venda é uma orientação para a lucratividade através do volume, da perspectiva de dentro para fora, o conceito de marketing demonstra uma perspectiva de fora para dentro, tendo a satisfação do cliente como foco.

Tendo o valor como aquilo que os clientes estão dispostos a pagar pelo produto ou serviço, o valor superior provém de ofertas de preços mais baixos para produtos ou serviços equivalentes aos da concorrência; ou ainda, o fornecimento de benefícios singulares que mais do que compensam um preço mais alto.

Na relação com o cliente no ato da venda, a satisfação ou insatisfação começa a se formar. Nesse momento, um bom produto pode não ser bem aceito pela inépcia do vendedor. As atividades envolvidas no ato da venda requerem um controle sistemático da qualidade para atendimento de padrões de atendimento. Muita atenção deve ser dedicada a essa atividade, pois seu aperfeiçoamento depende muito mais de mudança de atitudes do que propriamente de meios. Entre outras atividades, citamos aquelas que mais afetam a imagem da empresa quanto à credibilidade.

As atividades de pós-venda podem assegurar vendas para sempre. Através do monitoramento das atividades podemos identificar aperfeiçoamentos nos produtos, serviços e processos. Em muitas das atividades de pós-venda, a utilização de métodos estatísticos de controle de qualidade é perfeitamente aplicável. Principalmente no monitoramento de frequência de falhas em uso, incidência de reclamações e aferição do nível de satisfação.

É necessário analisar alguns processos e métodos para evitar ações ilegais ou reações negativas dos clientes, em função da má comunicação do produto em seus aspectos racionais.

“Certificar-se dos preenchimentos legais relativos à propaganda e publicidade dos produtos, os aspectos legais relativos à premiação e outras atividades de promoção. Verificar todo material de propaganda e publicidade quanto a problemas de credibilidade e conteúdo do produto, possíveis reações da concorrência potencialmente capazes de retirar a campanha do ar através dos órgãos responsáveis pela fiscalização, prazos de validade, preços, foto do produto anunciado ou salvaguardas em relação a isso. Certificar-se das garantias funcionais e de serviços”.

A função de qualidade resulta do fato de que a qualidade do produto ou serviço é consequência do trabalho de todos os departamentos da empresa. JURAN (1991) chama a isso de “espiral do progresso da qualidade”. Portanto, a função qualidade é o conjunto das atividades pelas quais atingimos a adequação ao uso do cliente, independente da posição na organização onde essas atividades são executadas. Finalmente, é preciso ter qualidade em tudo que se faz, qualidade total permeia a nossa própria existência: qualidade de vida, qualidade do meio ambiente etc.

* Marco Botelho é Sócio Sênior da Prime Action Consulting. Engenheiro Mecânico. Mestre em Qualidade pela UNICAMP e pós-graduado em Finanças pela FGV.

27 agosto 2009

Cinco tendências para as marcas no mundo digital


Steve Rubel, da Edelman Digital, elenca o que é preciso para que as empresas se relacionem e ganhem dinheiro no mundo virtual

Por Bruno Mello, do Mundo do Marketing | 27/08/2009
bruno@mundodomarketing.com.br

Serviço ao consumidor on-line, reflorestamento da mídia, ignorância seletiva, funcionários estrelas e atração pelas marcas são as cinco tendências principais que estão e que causarão ainda mais impacto no Marketing. Esta constatação é de Steve Rubel, Vice-Presidente e Diretor de Insights da Edelman Digital e autor do Blog SteveRubel.com.
Rubel foi um dos palestrantes da edição 2009 do Digital Age 2.0, participando via videoconferência, e respondeu para onde a tecnologia digital vai levar o Marketing. Antes de falar das tendências, é preciso fazer um parêntese: as empresas estão preparadas para personalizar o relacionamento? “As novas sim, mas é uma questão de cultura e vai levar muito tempo para as empresas atrasadas se adaptarem”, aponta o especialista.

A grande questão destes tempos é pensar em como ter lucro através de uma comunidade virtual, algo que nenhum executivo de marketing pensou antes. “Não há um modelo de negócio para isso”, confirma Rubel. O que existe, ainda, são erros que as empresas cometem ao entrar no mundo virtual. “É um erro pagar blogueiros para falar de produtos. A empresa tem que investir no melhor produto para que ele possa ser comentado espontaneamente”, diz.

Tendências emergentes e urgentes
O primeiro passo é satisfazer o cliente no mundo real e oferecer serviços no virtual. De acordo com a primeira tendência citada por Rubel, a internet é muito boa para tornar as coisas ainda melhores. “As pessoas estão usando as redes sociais para que elas sejam reconhecidas e identificadas. Elas não discam mais o 0800 das empresas, que não funcionam. Por isso usam outros meios para serem ouvidas”, afirma.

Com isso, cria-se relacionamento. Mas apenas para aquelas que auditam as experiências on-line do consumidor e se preparam para engajar as pessoas. E se prepare rápido. Planejamento e realização das ações, às vezes, terão que caminhar juntos para corrigi-las quando necessário. Mudar o destino, inclusive, se for preciso. É o caso das mídias tradicionais que representam uma nova tendência: o reflorestamento da mídia.

“Ela está se reinventando e sofrendo com isso porque cada vez mais as pessoas passam o tempo nas mídias digitais. Todos os tipos de mídias tangíveis estão caindo de circulação. Tem jornais dos EUA que estão fechando a versão impressa e ficando só com a digital. No Brasil isso ainda não acontece muito, mas certamente vai acontecer. É uma mudança imensa que obriga alterações nas áreas de Relações Públicas e Publicidade”, explica.

Aliado do consumidor
A terceira tendência apontada por Rubel é a ignorância seletiva. Com a informação em excesso em toda a parte, “As pessoas tem dificuldade de processar tudo. E estão praticando um tipo de ignorância seletiva, vendo apenas o que realmente é importante, porque se ela for relevante vai chegar até a mim de alguma forma”, ressalta. Para as empresas que quiserem fazer algo novo, basta olhar o que as pessoas visitam on-line e fornecer utilidade em forma de interações. “É importante pensar como fazer para envolver os consumidores. As pessoas vão te encontrar”, completa.

A quarta tendência são as estrelas existentes na própria empresa. São pessoas que ajudam a construir a marca no mundo digital. É o caso da companhia norte americana de armazenagem EMC² que tem uma página com todos os contatos de funcionários que podem se relacionar com os consumidores. “Tem que fazer com que o maior número de funcionários possa se comunicar com as pessoas nas redes sociais”, ressalta o executivo.

A quinta tendência é o poder da atração que as marcas devem provocar. “A propaganda hoje é empurrada. Mas deveria ser o contrário. As pessoas que devem encontrar as informações quando elas procurarem. É necessário criar o máximo de conteúdo para ser encontrado no mundo digital”, aponta Rubel.

26 agosto 2009

Rede Globo adota Business Intelligence para melhorar processos

GESTÃO

Ferramentas de inteligência ajudam empresa a analisar negócios, manter qualidade dos programas e reduzir custos.

Por RODRIGO CAETANO, DA COMPUTERWORLD

24 de agosto de 2009 - 07h00



A Rede Globo, maior rede de televisão do Brasil, está utilizando sistemas de inteligência(BI, do inglês business intelligence) para identificar oportunidades de melhorias operacionais, reduzindo custos. Por atuar em um setor complexo, a empresa vem promovendo um intenso trabalho de mapeamento de processos e análise de negócios.

Segundo o consultor da companhia, Marcos Paiva, o projeto envolve todas as áreas da empresa e deve se estender até 2010, totalizando quatro anos. A Globo trabalha com, aproximadamente, 600 áreas de custo e mais de 200 processos. O grande desafio é relacionar, em cada produto, a qual processo se refere cada área de custo. O número total de pontos relacionais ultrapassa 1 milhão.

Hoje, o principal negócio da empresa é a venda de publicidade. E a complexidade começa no fato do público comprador, os anunciantes, não ser o público final dos produtos da empresa (como telejornais, séries e novelas). Ou seja, basicamente qualquer pessoa que tenha uma televisão.

Além disso, os produtos se relacionam, já que durante um telejornal pode haver uma chamada para a transmissão de um evento esportivo, por exemplo. Um exemplo, o anunciante patrocina o evento esportivo, mas acaba se beneficiando da audiência do telejornal.

A produção dos produtos é, da mesma forma que o modelo de negócios, complexa. Os programas são muito diferentes e envolvem uma enormidade de atividades, desde logística até a construção de cenários. Paiva afirma que, usando BI, a empresa vai poder tomar decisões baseadas mais em informações e não somente na experiência do produtor. “Muitas vezes essa experiência é até confirmada, mas agora temos mais ferramentas para ajudar”, explica o executivo.

O fornecedor escolhido pela Globo foi o
SAS Institute. De acordo com Luiz Mascarenhas, analista de planejamento e controle da empresa e responsável pelo projeto, a robustez da ferramenta, que precisa lidar com uma quantidade muito grande de dados, pesou bastante na tomada de decisão.

Mais do que um projeto de tecnologia, Paiva afirma que o sistema de inteligência está transformando a cultura da empresa. “Estamos com um apoio muito grande da diretoria, que conseguiu ter uma visão de longo prazo”, diz. A gestão da companhia está em processo de amadurecimento, explica o executivo, e ao final do processo a Rede Globo poderá tomar decisões melhores, reduzindo custos, mas mantendo a mesma qualidade na operação.

25 agosto 2009

O Neuromarketing e as mil faces do inconsciente humano


O Neuromarketing apresenta-se como uma ferramenta falha, não de atributos ou argumentos, mas de completude. Saiba por que

Por Paulo Vieira de Castro, do Mundo do Marketing | 25/08/2009
mkt@mundodomarketing.com.br

Ultrapassada a fase do encantamento pelo Neuromarketing, de muitos livros escritos sobre o tema, impõem-se desde logo a reflexão a propósito da possibilidade de novos limites estarem agora em jogo. Sobressai a possibilidade da origem das necessidades e dos desejos humanos estarem para além, e porque não dizê-lo aquém, da mera excitação visível no cérebro humano.

Relembro que a ferramenta sugere o scanner do cérebro como indicador de research para um certo conhecer do ser humano nos momentos de consumo. Tal constatação realça a urgência de um novel universo de possibilidades para o Marketing, todavia levanta igual número de dúvidas.

Consciente vs Inconsciente
Pierre Buser fala-nos das mil faces do inconsciente, afirmando que o cérebro funciona no modo involuntário. Estas circunstâncias, ao se afigurarem como não exclusivas da área comportamental, radicam-se, necessariamente, ao nível das mais subtis competências, ou seja, para além da simples condição físico-química do ser humano, levantando a questão do impulso originário/ancestral por traz de toda a motivação humana.

O diálogo mente-cérebro, de que muito fala António Damásio, é um entre os muitos níveis da dimensão humana, que eu acredito interferir na tomada de decisão nos momentos de consumo. Mas falta responder ao mais velho desafio lançado à ciência: onde encontrar a mente humana? Quem sabe onde ela está?! Para isso nos alertam os cientistas do Mind and Life Institute. Analisar este intervalo de campo será um dos futuros desafios do marketing research.

Mas, quanto vale a consciência humana nas tomadas de decisão? Alain Berthoz afirma que a maioria das nossas ações não são um reflexo da consciência, sejam elas ligadas à percepção, aos movimentos ou à memória, implicando processos cerebrais em dimensões desconhecidas. Pensar o contrário, será quanto a mim, pura ilusão.

Ora, ao imaginarmos um Homem que é mais do que fluxo sanguíneo, ou impulsos elétricos, o Neuromarketing apresenta-se como uma ferramenta falha, não de atributos ou argumentos, mas de completude. Desde o seu aparecimento que partilho das mais elevadas expectativas no que ao Neuromarketing diz respeito, contudo, vejo novos desafios e limitações, bem mais do que novas certezas.

Ray Jackendorf vai mais longe ainda ao afirmar que o essencial da nossa inteligência não está associada à consciência. Mais: o prémio Nobel Gerald Edelman realça o fato de não existirem neuromecanismos com uma linguagem que consiga explicar o que é uma experiência consciente, indo mesmo mais longe ao asseverar que a capacidade da consciência não tem de ter vida, pelo que existe mesmo a possibilidade de futuramente se poder criar uma consciência artificial (1). Para a maioria de nós, entender esta nova conceituação do mundo afigura-se difícil.

Para aqueles que colocam a condição “maquínica”/racional à frente de qualquer outro fundamento, deixo uma especial chamada de atenção para o lugar que terá de ser reservado ao inconsciente nas tomadas de decisão de consumo. Isso significa que não poderemos ignorar os limites do Neuromarketing, uma vez que esta técnica se centra, tantas vezes exclusivamente, no exercício daqui resultante, assombrando erradamente modelos de representação da existência humana com a própria vida, confundindo ser humano com tecnologia.

Quanto vale o diálogo mente cérebro?
Refletindo sobre este assunto desde 2004, acredito agora haver dois campos de especialização no tocante a esta temática. Por um lado, as neurociências, as técnicas de ressonância magnética e outras da imagiologia cerebral aplicada. Por outro lado, os grandes peritos da mente: os budistas através da contemplação meditativa e dos estudos de Abhidharma, ou seja a ciência/psicologia budista da mente.

Mas onde é que budismo e Marketing se podem encontrar, perguntarão. Se considerarmos o Marketing como a ciência da satisfação e o budismo como a ciência da felicidade, poderemos compreender porque cientistas e contemplativos têm trabalhado em conjunto há dezenas de anos. Esta é uma leitura pessoal e inédita, que tenho vindo a desenvolver no projeto Dharma Marketing, o Marketing de proximidade real (www.dharmamarketing.org).

A aproximação entre neurocientistas e budistas dá-se, pelo menos, desde o ano de 1978, através do encontro de vontades de neurocientistas, como Francisco Varela, e do líder espiritual dos budistas (Dalai-Lama), destacando-se neste particular o trabalho do Instituto de Imagiologia Cerebral e Comportamento, da Universidade de Winsconsin, Madison, sendo de salientar a este respeito os trabalhos de Richard Davinson, dentre muitos outros.

As neurociências vêm contando há muito com a preciosa ajuda dos estudos realizados pelo Mind and life Institute. Aliás, bastará para isso ver a qualidade dos cientistas implicados no estudo da mente no site do instituto (www.mindandlife.org). Relembro que o Neuromarketing estuda o cérebro, enquanto o Mind and Life Inst. se debruça sobre o diálogo entre a mente e os seres humanos. Sobre a relação entre cientistas e contemplativos no que ao estudo da satisfação diz respeito falarei num próximo artigo.

O quadro referencial que assiste ao Neuromarketing faz todo o sentido, contudo a estreiteza da tecnologia usada atualmente levanta dificuldades operacionais, pelo que no futuro seremos certamente forçados a procurar novas técnicas de análise mais abrangentes. Relembro que o Homem não é resultado exclusivo do que se passa no seu cérebro, existindo, como facilmente se compreenderá, vida para além dos impulsos biológicos.

Aqui faço referência a uma leitura, igualmente complementar, através de uma perspectiva mais biométrica/holística, isto no pressuposto que urge definir padrões para além dos convencionais sexo, idade, etc. Tais afirmações poderão levar-nos a pensar que estamos ainda muito longe de compreender quem comanda as decisões de consumo, tornando-se evidente a necessidade de repensarmos o Neuromarketing, enquanto ferramenta de aplicação prática, alargando o nosso universo de análise assistidas pela tecnologia.

Por si só, o Neuromarketing terá, obrigatoriamente, que assumir outros vínculos com o desígnio de permitir a expressão da intencionalidade e propósitos da existência humana. Para isso, talvez seja necessário - em parte - abrir mão de antigos valores e expectativas.

Conforme amplamente referido, enquanto ferramenta de research, as tradicionais técnicas de inquérito apresentam algumas dificuldades em especial no tocante ao entendimento comunicacional, isto porque os limites das técnicas clássicas de análise de mercado se prendem com o fato da linguagem se desenvolver a partir de si mesma, ou seja, aquilo que se fala funciona muitas vezes ao revés do que se pensa.

Ao acreditar no que as neurociências afirmam, em especial na importância do inconsciente sobre as decisões do ser humano, os clássicos métodos de estudo de mercado poderão estar em parte comprometidos. Relembro que, pensar que será possível encontrar no cérebro humano um “buy button” tem-se manifestado um esforço inconclusivo, atirando-nos para a necessidade de uma abordagem mais holística/integral quando pensamos o comportamento do consumidor. Ante uma mecânica, uma tensão biológica e impulsos físico-químicos, necessidades e desejos, o Neuromarketing dá-nos, simplesmente, a ínfima parte do resultado de um jogo de que desconhece as regras.

Tenho partido nas minhas últimas análises de um desafio lançado por Schopenhauer, ao assumir que o Homem pode, é certo, fazer o que quer, mas não pode querer o que quer, obrigando-me deste modo à reflexão a propósito das circunstâncias que se afiguraram para além da simples condição físico-química do cérebro. Em conclusão: poderemos dizer que o diagnóstico resultante do Neuromarketing se inscreve no âmbito de aplicação do “fazer o que quer” do Homem de que nos falava Schopenhauer, mas muito dificilmente poderá o Neuromarketing certificar maior conhecimento sobre um Homem incapaz de “querer o que quer”.

Nesta perspectiva, o Neuromarketing poderá ganhar um novo ânimo. Contudo, resta a dúvida: quão inconsciente será a decisão de consumo. Isso revela novos desafios, em especial para os publicitários, já que o mundo em que vivemos é - em grande medida - resultado da construção inconsciente que dele temos, tendo-se tornado - nos últimos anos - o desejo pelo consumo o mais complexo paradigma do comportamento humano.

Sabe-se que o Neuromarketing é uma ferramenta com amplas potencialidades, porém, exige orçamentos demasiado generosos, isto para resultados que não são, ao contrário do que se imaginava há alguns anos atrás, a solução para todos os problemas do Marketing Research. Assim sendo, as empresas que poderão estar interessadas neste tipo de análise de mercado serão aquelas as que participam no jogo da influência global.

* Paulo Vieira de Castro é consultor de empresas e diretor do Centro de Estudos Aplicados em Marketing, do Instituto Superior de Administração e Gestão, Porto - Portugal. geral@paulovieiradecastro.com

24 agosto 2009

Mercado melhora sua previsão para o ano

Conjuntura

24 de agosto de 2009


O mercado financeiro melhorou a previsão para o desempenho da economia neste ano e no próximo e reduziu o cenário para a inflação em 2009, segundo relatório Focus divulgado nesta segunda-feira. A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 passou de queda de 0,34% na semana anterior para declínio de 0,3%.

A estimativa para 2010 foi elevada, de crescimento de 3,8% para 4%. Para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, o relatório apontou 4,32%, ante previsão de 4,37% na semana anterior. Foi a quarta semana de queda. O prognóstico para a inflação no ano que ficou estável, em 4,3%.

Os dois números do IPCA estão abaixo do centro da meta estabelecida no início do ano pelo governo, de inflação de 4,5% em 2009. A estimativa para a taxa Selic no fim deste ano permaneceu em 8,75%. Para o fim 2010, persistiu em 9,25%. Para a taxa de câmbio no fim de 2009 e 2010, as previsões foram mantidas em R$ 1,85.

(Com agência Reuters)

www.veja.com.br

14 agosto 2009

Confira como a Copa de 2014 agitará mercado de trabalho no Brasil

Não são somente os membros da comissão técnica, juízes e os jogadores que terão a oportunidade de impulsionar suas carreiras durante a Copa do Mundo de 2014, que acontecerá aqui no Brasil. Longe dos gramados, a estimativa é de que vagas de emprego sejam criadas, e não são somente nas cidades que sediarão o campeonato mundial.
Para se ter uma ideia da grandiosidade do evento para o mercado de trabalho nacional, uma pesquisa realizada pela FGV Projetos, a pedido da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), revelou que a Copa do Mundo de 2014 deverá gerar 3,6 milhões de empregos no Brasil.
E esses empregos não devem ser gerados somente no ano da Copa. De acordo com a consultora de Carreira da Catho Consultoria em RH (recursos humanos), Mayra Fragiacomo, agora, cinco anos antes do evento, o mercado de recrutamento já está se movimentando, estimulado pelas empresas brasileiras.
Antes
A movimentação tem sido mais forte em duas áreas: construção civil e marketing. No primeiro caso, os motivos são óbvios, já que o Brasil não quer fazer feio durante o evento, apresentando estádios em condições precárias.
"Há um grande movimento em construção civil, em infraestrutura, que tem de estar pronta o quanto antes. O movimento não é só de contratação de mão-de-obra menos qualificada, mas de executivos, como gestores de obra, que são cargos mais estratégicos", explicou Mayra.
E erra quem pensa que a infraestrutura se resume aos estádios: "é preciso pensar fora da caixa", ressalta a consultora. O que ela quer dizer é que existe toda uma gama de serviços que está por trás dos holofotes e dos gramados, como hotéis e restaurantes. Uma grande rede de hotéis, exemplifica, já está contratando mão-de-obra para construir unidades novas em cidades-sede.
Além da construção civil, outra área que já está agitada para a Copa é a de marketing focada em esportes. Essa era uma área que já estava aquecida, mas que teve um "agito" fora do comum por conta do campeonato mundial.
"Esse é o momento de plantar, para colher lá na frente", afirmou a consulta. Por isso, muitas empresas já estão procurando eventos e jogadores para patrocinar, com o objetivo de estreitar relacionamentos e, no momento da Copa, ganhar mais visibilidade. A concorrência para conseguir tudo isso vai ser grande e já é preciso escolher no mercado os profissionais mais preparados da área de marketing.
Durante
Depois de montada toda a infraestrutura e de iniciado o campeonato, entram em campo os profissionais que lidarão com a organização do evento: seguranças, guias turísticos, garçons, camareiras e demais profissionais de menor qualificação serão bastante demandados.
De acordo com Mayra, muitas pessoas falam que a Copa gerará empregos "pontuais e temporários", o que está errado quando se estende a afirmação para todos os tipos de emprego. Isso é verdade quando se fala em empregos de menor qualificação, que têm relação direta com o funcionamento do evento.
E esses profissionais, dependendo do desempenho mostrado durante o campeonato, podem sim conquistar uma vaga no mercado de trabalho. "Alguns serão absorvidos, mas outros não", ponderou a consultora.
Depois
Dependendo de como a imagem do Brasil ficar depois da Copa do Mundo de 2014, pode-se ter certeza de que dois mercados sairão mais aquecidos: o de comércio exterior e turismo, de acordo com Mayra.
É fácil de notar isso: se uma empresa percebe que um evento organizado mundialmente por um país foi brilhante, passa a confiar mais nele. Com isso, as companhias desse país ganham mais visibilidade e o número de negócios com o exterior cresce, o que é bom para os profissionais que atuam nessa área.
E aí surge a resposta para o motivo de Mayra pensar que a Copa não gera só empregos temporários: você acha que uma empresa demitiria um profissional estratégico que a ajudou a passar uma boa imagem durante a Copa e que, por isso, movimentou o número de negócios?

19 de junho de 2009 às 00:10
Por Flávia Furlan Nunes - InfoMoney

Brasil: nem X, nem Y. Geração XY

Em nosso País é possível criar o seu próprio modelo, chamado pela especialista de Geração XY.

A chegada da geração Y ao mundo corporativo americano já suscitou centenas de análises no Brasil sobre os melhores métodos para atrair e reter os talentos dessa safra. Não abriu, contudo, espaço para uma questão essencial e anterior: temos no País realmente contingente significativo de profissionais da geração Y, da mesma maneira característica que há nos EUA? A resposta é não.
Jovens entre 20 e 30 anos com grande potencial de liderança, os Y são ambiciosos, buscam dedicar-se a projetos que representem suas causas, reconhecimento e evolução rápida na carreira. Ao mesmo tempo, não lidam bem com restrições e se pautam pelo imediatismo: sem resultados palpáveis para seus projetos, tendem a dispersar.
As características têm fundamento na própria formação dos indivíduos Y. Eles contam com um perfil diferenciado frente à média: têm fluência em diversos idiomas, foram educados para desenvolver espírito empreendedor, contam com boa formação escolar e contabilizam períodos de vivência no exterior. São muitos. Nos EUA e em algumas regiões do Brasil.
Sua abrangência no País, porém, é menor do que a série de avaliações sobre a geração Y permite supor. Basta olharmos para as diversas regiões do Brasil que, mergulhadas recentemente num cenário de estabilidade e desenvolvimento, começaram a produzir agora os primeiros representantes de uma geração anterior, a X.
Marcada por profissionais extremamente pragmáticos, a safra dos X reúne executivos cujas ações são orientadas pelo senso de oportunidade. São ágeis no aprendizado e bons empregados, daquele tipo que, em alguns segmentos, merecem o chamamento de “pé de bois”. Não é à toa. Eles têm como foco construir uma carreira sólida - muitas vezes, o que acontecerá numa só empresa que lhes dará diversas oportunidades - por meio da qual possam ascender socialmente e conquistar bens e posição econômica que seus pais nunca atingiram.
Para isso, dedicam-se ao trabalho e ao crescimento econômico, acumulam riquezas, planejam suas previdências – em grande parte por temer que seu futuro fique à mercê de incertezas econômicas que abalaram a vida daqueles que foram seus exemplos.
Foi em meio à dedicação ao trabalho e ao crescimento econômico dos profissionais da geração X que nasceram os jovens que hoje formam a safra dos Y. Eles são, em muitos casos, os filhos que assistiram aos pais trabalharem demais, sofrer com estresse, dedicar pouco tempo a temas não-corporativos e acumular riquezas para financiar a estabilidade e a elevada qualidade de educação dos herdeiros.
Em resumo, é possível dizer que boa parte da relação dos X com trabalho e dinheiro é o que molda hoje a postura dos Y frente à carreira, assim como o desejo deles por algo atrelado a valores, crenças e mais qualidade de vida.
O que observamos cada vez mais em nossos jovens talentos é que eles se apropriam do que realmente faz sentido para sua trajetória profissional. Se antes os modelos, adequados ou inadequados, e os modismos, adaptados ou não adaptados, ditavam o comportamento de muitos destes jovens, hoje eles olham para seus interesses e características e, cada vez mais cedo, buscam alinhar suas expectativas pessoais às profissionais. Isso é um sinal de maturidade, uma vez que, muitos profissionais só se dão conta que podem fazer escolhas em uma fase bem posterior de vida e carreira.
Há muitos e muitos casos de homens e mulheres no Brasil que, parte da geração X, criaram empreendimentos únicos ou apoiaram suas empresas, como executivos, a trilhar o caminho do crescimento. É um erro, porém, considerar que agora a principal fonte de novos executivos para a estrutura corporativa brasileira serão seus filhos, os jovens e tecnológicos Y. Eles ainda são poucos quando se consideram toda a população e o potencial brasileiro.
É aí que reside a sabedoria de algumas empresas que, de nacionais transformaram-se em globais: ao perceber que, como um País recém inserido no quadro de maior desenvolvimento, o Brasil é uma fonte maior de profissionais da geração X, elas pautaram seu crescimento em estratégias que gerem oportunidades para estes profissionais.
São companhias que oferecem aos seus funcionários desafios locais e internacionais, sabendo o que é mais importante a este publico e sem renegar os jovens Y com o qual eventualmente contam. Enfim, são as empresas que estão formatando um modelo de gestão baseado na população brasileira e em suas características específicas. É a sabedoria de saber que o País não replica o modelo das gerações americano, mas pode criar o seu próprio. Sem X ou Y. Somos X e Y.

Por Fátima Rosseto (Leadership Development Director da DBM Brasil, consultoria especializada em gestão do capital humano em momentos de transição)
HSM Online
13/07/2009

02 julho 2009

Aos 10 anos, Ambev é gigante global

Para a empresa, houve superação de desconfianças como concentração de mercado e encolhimento de verbas publicitárias

Robert Galbraith - 01/07/2009 - 11:16

Se não fosse a fusão, Brahma e Antarctica seriam hoje marcas internacionais, porém controladas por capital estrangeiro. Esta é a visão de Milton Seligman, diretor de relações corporativas da Ambev (American Beverage Company - Companhia de Bebidas da América), sigla criada em 1o de julho de 1999 para a empresa que nasceu da fusão entre as cervejarias Brahma e Antarctica e que hoje faz parte da maior holding mundial de bebidas. E provar que essa união não somente seria benéfica para o mercado, mas daria a elas a força para competir com os principais players globais foi o primeiro desafio da nova empresa diante do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que concedeu sua bênção em 30 de março de 2000, com a condição de que a marca Bavaria fosse vendida (a Femsa tem hoje o controle). Oposição da concorrência não faltou com o então presidente da Kaiser, Humberto Pandolpho, chamando para sua empresa a missão de ser porta-voz daqueles que viam a união dos líderes de mercado como algo nocivo à concorrência.
Naquele momento, a companhia se tornava líder absoluta no mercado com 72% de participação na mensuração do Instituto Nielsen. Na última rodada deste ano, a Ambev apareceu com 68,8%. "Isso mostra que a competição não ficou prejudicada. Os grupos Schincariol e Petrópolis tinham juntos 8% em 2000 e fecharam 2008 com 23,1%", argumenta Seligman, acrescentando que 15 novas marcas de cerveja entraram no mercado desde que o Cade aprovou a fusão. O temido encolhimento da companhia também não se confirmou, com o quadro de funcionários saltando de 16 mil para 39 mil no ano passado, 23 mil deles no Brasil e o restante nos 14 países onde a rede passou a atuar. Desses, conta Seligman, 40% foram promovidos em 2008 e 150 deles foram levados a exercer cargos de chefia no exterior.
A consolidação da Ambev também não confirmou os temores do mercado publicitário de uma eventual concentração de suas marcas em menos agências, que a atendiam na ocasião. A nova empresa chegou à posição de maior anunciante do País em 2001 com R$ 130 milhões mensurados pelo ranking Agências e Anunciantes, de Meio & Mensagem, mas depois estacionou na terceira colocação e fechou 2008 com R$ 286,4 milhões investidos. Alexandre Loures, gerente de comunicação interna, destaca que os investimentos em mídia impressa cresceram desde a fusão em relação ao tempo em que as marcas atuavam separadas, com foco quase exclusivo em TV.
A F/Nazca Saatchi & Saatchi é a única das agências que atendem o grupo que conseguiu manter sua principal conta, desde muito antes da fusão, assim como a liderança de mercado dessa marca: Skol. O slogan "Desce redondo", criado e lançado em 1996 pela F/Nazca, também foi mantido nesses anos todos apesar de, na ocasião de seu lançamento, ter sugerido que todas as então concorrentes - Brahma, Antarctica, Kaiser e as demais - fossem "cervejas que descem quadrado". Fábio Fernandes, que desenvolveu o mote e a essência criativa de todo o posicionamento que levou a marca à liderança em vendas desde então, diz que o conceito hoje se aplica em diversas das plataformas de comunicação da marca e sempre com novas leituras, como o atual "Redondo é rir da vida". "Esse mote hoje é perfeito para o jeito irreverente, engraçado e inusitado. O mais importante é que o consumidor tem dado nesses anos todos o respaldo para a Skol se manter como a cerveja que desce redondo", diz Fernandes.
As marcas da Antarctica migraram da DM9DDB para a AlmapBBDO em 2001, onde estão até hoje, com exceção do Guaraná, que retornou à DM9 depois de passar por NBS e Duda. A Brahma, por sua vez, deixou a F/Nazca em 2003 e foi para a Africa, e lá permanece. A então Salles D&G, que não atendia nenhuma conta do grupo, teve participação importante no processo, além de assinar o anúncio da fusão. Foi Mauro Salles quem costurou o acordo entre os presidentes Marcel Telles, da Brahma, e Victório De Marchi, da Antarctica. Até o governo federal, de acordo com números da Ambev, se beneficiou da fusão. As duas empresas, que separadas pagavam R$ 4 bilhões em tributos, passaram a contribuir com R$ 10 bilhões em impostos juntas.

www.meioemensagem.com.br

17 junho 2009

Planejamento estratégico é peça fundamental para empresas

15 de junho de 2009 às 00:10
Por Pollyanna Melo com assessoria - www.administradores.com.br



É cada vez maior o número de empresas que, diante da complexidade no cenário empresarial e de tantas turbulências e incertezas, estão buscando ferramentas e técnicas que as auxiliem no processo gerencial. O Planejamento Estratégico é uma das possibilidades e se mostra como instrumento indispensável para a manutenção e crescimento das empresas, principalmente em tempos de crise.
O especialista em novos negócios, Renato Senatore, afirma que ao contrário do que alguns pensam, projetos deste tipo são importantes também para pequenas e médias empresas. No mercado atual uma importante condição para sobrevivência das instituições está ligada à clara definição de seus objetivos e ao traçado antecipado dos possíveis caminhos a serem percorridos para atingí-los.
Senatore usa um case atual para exemplificar a relevância que o planejamento possui. "Nas últimas semanas vimos o caso da Fiat, que fez oferta pelas atividades da General Motors na América Latina, esse é um exemplo de como o mercado é rotativo, e principalmente, de quão importante é a inovação e o planejamento nas organizações, ou seja, a GM, que é uma das grandes montadoras do mundo, não se renovou, manteve seu padrão com carros potentes, exuberantes e, consequentemente, caros e "gastões", quando o mercado pedia o contrário".
Segundo o especialista, devido à grande repercussão das questões ambientais e dos reflexos que a crise econômica traz para os vários setores, há a necessidade de que empresas renovem seus processos e produtos. "Atualmente, a palavra de ordem é economia, seja monetária ou de recursos naturais, sendo assim a Fiat foi correta em suas alterações, renovou sua frota, tem carros modernos, que gastam e custam pouco, daí boa parte da responsabilidade de seu crescimento". Senatore afirma que as empresas precisam entender, que é necessário acompanhar o mercado, e que não adianta apostar em estratégias que deram certo no passado, e hoje são obsoletas. E nesse âmbito o planejamento estratégico é uma ferramenta indispensável.
No exemplo usado pelo especialista observa-se a inversão de papéis entre as duas empresas, sendo que em 2000, a GM comprou 20% do capital da FIAT em troca de 5% de seu capital. O negócio se mostrou infrutífero, pois em fevereiro de 2005, a GM anunciou o fim da transação.

26 maio 2009

Futebol brasileiro movimentou R$ 1,7 bilhão em 2008

Principais clubes do País tiveram receita de R$ 1,4 bilhão, o que representou crescimento de 6,1% em relação ao ano anterior, segundo dados preliminares da Lista Casual Auditores de Clubes, elaborada pela Casual Auditores Independentes.

Fernando Murad
22/05/2009 - 16:44


O mercado brasileiro de futebol gerou receitas da ordem de R$ 1,7 bilhão no exercício de 2008. Os 21 principais clubes do País foram responsável por R$ 1,4 bilhão desse montante, o que representou um crescimento de 6,1% em relação ao estudo de 2007 e uma evolução 69% de cinco anos para cá, quando a Casual Auditores Independentes começou a publica a Lista Casual Auditores de Clubes, baseada nas informações financeiras extraídas das demonstrações contáveis dos clubes com maiores receitas.
A receita média dos times presentes na amostra atingiu a casa de R$ 67,5 milhões, enquanto que em 2004 esse valor foi de R$ 39,9 milhões. Os maiores responsáveis, em termos absolutos, pelos novos recursos gerados foram Palmeiras, Portuguesa, Flamengo, Fluminense, Coritiba e Cruzeiro. No entanto, São Paulo e Internacional, com receitas de R$ 160,6 milhões, e R$ 142,2 milhões, respectivamente, são os campeões de arrecadação.
Em 2008, os recursos oriundos da venda de atletas sofreram retração - em virtude da crise mundial desacelerou os investimentos dos clubes do exterior -, mas esse fator foi atenuado pela evolução de dois dígitos de fontes como bilheteria, clube social e esporte amador, patrocínio e publicidade, e cotas de TV. O estudo final será divulgado nos próximos meses.
Segundo projeção da Casual, o mercado brasileiro de clubes de futebol pode encerrar o ano de 2014, depois da Copa do Mundo do Brasil, com receitas de R$ 2,8 bilhões. Esse resultado poderia ser atingido com a geração de novos recursos como a exploração da marca dos clubes, maximização dos recursos com estádios e novos conteúdos de mídia, ações com o torcedor e novos patrocinadores.

Veja a lista com os clubes com as 10 maiores receitas em 2008 (em R$ milhões):

São Paulo: 160
Internacional: 142
Palmeiras: 138
Flamengo: 117
Corinthians: 117
Grêmio: 99
Cruzeiro: 94
Fluminense: 66
Santos: 65
Atlético Mineiro: 57

Fonte: http://www.meioemensagem.com.br/

27 abril 2009

Publicidade para crianças


Que tal criar, produzir e veicular anúncios voltados para o público infantil, em que os argumentos de venda das marcas valorizem e estimulem a amizade, a urbanidade, a honestidade, a justiça, a generosidade e o respeito às pessoas, aos animais e ao meio ambiente?

Que tal criar, produzir e veicular anúncios voltados para o público infantil, em que os argumentos de vendas das marcas contribuam para o desenvolvimento positivo das relações entre pais e filhos e alunos e professores?

É simples: basta ler e seguir o que está escrito no Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. Está tudo lá, com absoluta clareza. Só não vê quem não quer, seja porque não quer seguir as recomendações do código, seja porque não quer ver no código recursos suficientes para a proteção da criança frente à publicidade.

É preciso deixar claro que não existe incompatibilidade entre publicidade e infância. A publicidade é como toda a mensagem que chega à criança, em casa, na rua, na escola, na casa dos amigos... Pode ser boa e pode ser má. Ninguém consegue controlar tudo o que uma criança vê e ouve o tempo todo. A melhor proteção da criança, portanto, é a qualidade da sua educação. 

Quem cria e produz publicidade tem tempo para avaliar a qualidade da mensagem que estará veiculando. Isso é uma vantagem para a publicidade no processo de educação da criança, pois ela pode ser pensada com antecedência e constituir uma mensagem positiva. Inclusive, como contraponto às tantas mensagens sem nenhum tipo de critério a que a criança está exposta o tempo todo, inclusive em sua própria casa.

A melhor resposta àqueles que elegeram a publicidade como “inimiga” da criança e que trabalham para proibi-la é demonstrar que a publicidade, pelo contrário, é necessária, em todo seu potencial de eficácia, para a sua melhor formação. As crianças não crescem para viver enclausuradas, em redomas de vidro ou internadas em conventos.

Por isso, é preciso tomar cuidado, sim, mas é com as mensagens de padrão “oficial”, incompatíveis com a linguagem que a criança adota na vida em grupo, ou por métodos saturados de um academicismo viciado e incompatível com a vida real, e que, muitas vezes, tratam as crianças como mentalmente deficientes. É preciso que nos utilizemos dos recursos criativos da publicidade para que mensagens de qualidade ética cheguem, eficientemente, às crianças e contribuam positivamente com seu desenvolvimento psicológico e intelectual.

Sem caretice, sem sectarismo, sem dogmatismo cego, é possível reunir os interesses da sociedade com os interesses comerciais das marcas. A publicidade tem o conhecimento, a experiência e o ferramental para comunicar-se melhor.

Por isso, estabelece uma empatia maior com a sociedade. A pergunta é: por que proibir aquilo que pode ser útil nos objetivos de educar e orientar as crianças? Quem disse que esses objetivos são necessariamente inconciliáveis com os interesses das marcas?

A adoção de conceitos de marketing focados na preservação do meio ambiente, por exemplo, deu-se naturalmente na vida das empresas. Ninguém precisou proibir nem censurar nada. Os anunciantes não são idiotas. Seu marketing tende para onde tende a opinião pública. É simples: quem quer vender precisa ser aceito.

A publicidade anda na esteira do comportamento da sociedade. Já temos mecanismos suficientes em vigor para proteger o consumidor. Há pouco tempo, o Ministério Público de São Paulo entrou com recurso no Conar, pedindo a suspensão de anúncio da Petrobras que enaltecia os cuidados da empresa com o meio ambiente.

O motivo era o fato da Petrobras comercializar um óleo tido como poluente. É necessária demonstração maior do exercício da democracia? Não há necessidade de se proibir nada, basta fazer valer código em vigor.

Portanto, vamos fazer publicidade para crianças, sim! Vamos criar, entre elas, empatia com as nossas marcas, sim! Mas vamos usar o mecanismo poderoso da comunicação de marketing para associar nossas marcas às suas melhores atitudes. Isso vai ser bom para todos e, o que é muito importante, vai desarmar os espíritos com vocação para o autoritarismo e para a tutela da sociedade.

É preciso demonstrar claramente que a alternativa à pior liberdade não é a melhor censura. Mas o compromisso de todos com o bom senso.


Fonte: PropMark (http://www.propmark.com.br/)
09/04/2009

13 abril 2009

Campeão do marketing

Com um modelo de negócios copiado de grandes corporações, o Internacional de Porto Alegre vira referência em gestão

Amauri Segalla - IstoÉ Dinheiro

O FUTEBOL BRASILEIRO é tão vitorioso dentro de campo quanto confuso e desorganizado fora dos gramados. Campeonatos que vão parar na Justiça, falta de público nos estádios, êxodo precoce de jogadores, péssima gestão dos dirigentes, tudo isso levou a maioria dos grandes clubes a uma situação muito próxima da falência. O Flamengo, time de maior torcida do País e dono de cinco títulos brasileiros, até a semana passada estava há três meses sem pagar salário a seus jogadores. Nos últimos anos, campeões como Vasco, Palmeiras, Corinthians e Atlético Mineiro foram parar na Segunda Divisão, graças principalmente à gestão desastrosa de seus comandantes. Num cenário desse, chamam a atenção os clubes que conseguem gerir o futebol de forma profissional, algo ainda raro no País. O São Paulo, atual tricampeão brasileiro, ficou conhecido pela estrutura invejável. Mas outros times também conseguiram elevar o padrão de administração para níveis próximos aos dos grandes clubes europeus. É o caso do Internacional de Porto Alegre, uma espécie de campeão brasileiro do marketing.

O Inter criou o maior programa de captação de sócios da história do futebol brasileiro. Em 2002, lançou uma campanha publicitária para atrair fãs interessados em pagar uma mensalidade para se tornar sócios-torcedores. O mote era irresistível para os fanáticos: '100 anos, 100 mil sócios'. O clube completa o seu centenário no próximo dia 4 de abril e a meta está perto de ser cumprida. Há sete anos, 12 mil colorados desembolsavam um valor mensal para ter descontos generosos na compra de ingressos e prioridade na compra do bilhete. Hoje o número está em torno de 90 mil e projeções indicam que deve chegar a 100 mil muito antes do fim do ano. Na América Latina, só o argentino River Plate tem um quadro social maior. Segundo o Inter, no ranking mundial o clube gaúcho está entre os dez que possuem mais sócios. Em 2009, as receitas anuais geradas pelo programa devem chegar perto dos R$ 40 milhões — o equivalente a 30% do orçamento anual do clube. Para efeito de comparação, é quase o triplo do valor que o Flamengo recebeu em 2008 da Petrobras a título de patrocínio. 'O Inter aprendeu a diversificar suas fontes de receitas, numa estratégia muita parecida com a de grandes empresas', diz Vitorio Piffero, presidente do clube. 'Com esse modelo de negócios, conseguimos montar grandes times e nos tornamos campeões da América do Sul e do Mundial Interclubes, em 2006.'

No campo do marketing, o time gaúcho marcou alguns golaços. Em 2006, a área de licenciamento da marca estava praticamente esquecida, com faturamento na casa dos R$ 600 mil. Após a conquista do título mundial naquele ano, o clube iniciou um processo de abertura de lojas Brasil afora, para aproveitar o momento favorável. Em três anos, o número de lojas que vendem produtos com a grife do Inter quadruplicou. Atualmente existem 35 endereços dedicados a comercializar artigos do clube. 'Queremos chegar a 100 estabelecimentos ativos até o fim do ano', afirma Jorge Avancini, vice-presidente de marketing do clube. No ano passado, o licenciamento da marca gerou R$ 4,2 milhões, valor que deve crescer 50% em 2009. Avancini formatou um projeto de internacionalização, também aproveitando a conquista do mundo em 2006. Ele vendeu franquias da escola de futebol do Inter para empresários americanos e uruguaios, que abriram academias na Califórnia e em Montevidéu. A administração profissional foi premiada. O Inter se tornou no final do ano passado o único clube de futebol do Brasil a possuir o certificado ISO 9001, que identifica boas práticas de gestão. Nem o badalado São Paulo recebeu a honraria."