28 outubro 2009

Bebidas travam disputa energética

Novos players disputam espaço em segmento que cresce a passos largos no Brasil e tem Red Bull como líder

Por Paula Ganem

Movimentação intensa no mercado de bebidas energéticas. De julho para cá, três novas marcas foram lançadas no País: TNT, da Cervejaria Petrópolis, a internacional Dark Dog e Gladiator, da Coca-Cola, empresa que já tem outro produto no segmento, Burn.

A chegada de tantos novos concorrentes não é mera coincidência. Entre dezembro e julho de 2008, o consumo de energéticos no Brasil foi de 11,7 milhões de litros. No mesmo período deste ano, esse número já era de 17,3 milhões, um salto de 48,5%, segundo dados do Instituto Nielsen.

Nesse cenário reina a marca Red Bull, com o domínio de mais de 50% do mercado. Isso faz com que os novos players entrem em ação, ambicionando, de início, a segunda posição. "No período em que os Estados Unidos consomem 4 bilhões de latas, o Brasil consome 150 milhões. Ainda há uma fatia muito grande de mercado a se conquistada", explica João Wickert Taffarel, diretor de marketing da Dark Dog Brasil.

Os concorrentes recém-chegados sabem também que o espaço para crescer é explorar o consumo do produto durante o dia. "Optamos por trazer Gladiator para o mercado brasileiro porque fizemos pesquisas que apontaram grande demanda por um produto energético adequado a ocasiões diurnas", comenta John Pinto, diretor de marketing de novas bebidas da Coca-Cola Brasil. "Observamos o mercado mundial e percebemos que o energético é visto como uma espécie de refrigerante de adulto. Não é um produto só focado na noite", reforça Douglas Costa, gerente de marketing da Cervejaria Petrópolis. Por isso, a empresa resolveu trabalhar o vínculo da marca TNT com os esportes desde o seu lançamento. Na semana passada, inclusive, anunciou a criação do TNT Team, um grupo de 17 atletas patrocinados pela marca. Os esportistas olímpicos são o nadador Cesar Cielo, o judoca Flavio Canto e as gêmeas do nado sincronizado, Bia e Branca Feres. Os demais atletas são representantes de esportes radicais, como o lutador Rodrigo Minotauro.

O contrato de patrocínio fechado com os esportistas olímpicos vai até 2012, quando ocorrem os Jogos de Londres, com prioridade de renovação até 2016, ano em que o evento será realizado no Rio de Janeiro. Já os atletas de esportes radicais têm contrato fechado até 2010, também com prioridade de renovação. De acordo com Costa, o lançamento do TNT conta com investimentos de R$ 2,5 milhões. Antes disso, a marca patrocinou a escuderia Brawn no Grande Prêmio de Interlagos de F-1, realizado no domingo, 18. A agência que dá apoio às ações de marketing é a Multi Solution.

Batalhadores

A Coca-Cola, por sua vez, investe na conquista do público que estuda e trabalha. Por isso, Gladiator conta com diferentes sabores. A estratégia de lançamento inclui ainda disponibilizar o produto em latinhas de 473 ml pelo mesmo preço das de 250 ml dos energéticos já existentes no mercado. Embora ambas as marcas da empresa sejam atendidas pela NBS, o posicionamento de cada uma é bastante diferente. "A campanha do Burn é direcionada aos frequentadores de baladas, festas de música eletrônica, shows, por ser um produto consumido em ocasiões de socialização à noite", comenta Pinto. "Já o conceito do Gladiator traz a ideia de que o brasileiro é o próprio protagonista de sua história, ajudando-o a manter a energia mental e emocional na busca de um futuro melhor

Para o lançamento da marca foram criadas ações para TV e internet. Entre elas, uma de conteúdo no programa Pânico na TV, da Rede TV. O quadro Gladiadores de Verdade traz uma arena onde personagens como o Motoboy Marino e o Estudante Mascarado entram em combate contra os inimigos do dia a dia. Entre eles, Patrão, Impiedoso, Temível Ônibus Lotado e Salário Merreca Mínimo. Já para a web, além do site de Gladiator (www.gladiadoresdeverdade.com.br), foram lançados games.

Em outra frente, a estratégia da Dark Dog passa primeiro pela promoção da experimentação do produto em locais frequentados pelo público-alvo da marca. "O objetivo é educar o consumidor, que ainda não entende muito bem o que é uma bebida energética", comenta Taffarel. A marca também apoia a skatista brasileira Karen Jones. "Mas a bebida não é só para o público jovem, é para todo mundo que precisa de energia", pondera o executivo. Em um segundo momento será lançada a campanha de mídia, incluindo patrocínio de programas de rádio, inserções em revistas e internet. Com investimentos de R$ 2 milhões, o lançamento conta com o suporte da Wild Propaganda. "Em cinco anos queremos alcançar o segundo lugar no segmento", diz o diretor de marketing. A Dark Dog é uma bebida austríaca que hoje está presente em 40 países.

22 outubro 2009

Marketing Viral: utilize bem

Pode ser uma excelente ferramenta de captação de recursos e comunicação no Terceiro Setor.

Como um vírus, a ideia do marketing viral é se espalhar com proporções similares às de uma epidemia, alcançando um grande número de pessoas a baixos custos. O processo pode funcionar no famoso ‘boca a boca’ ou por meio da internet. E-mails, sites, blogs e páginas de relacionamento são excelentes veículos para espalhar o vírus da informação. Para as organizações do Terceiro Setor, pode ser uma grande ajuda, já que é simples e, se bem utilizado, bastante eficaz.

Explorar redes sociais já existentes é o foco do marketing viral, que tem como meta divulgar marcas e práticas que possam ser replicadas. A estratégia é pedir a outros indivíduos que passem adiante uma mensagem, o que gera oportunidades diversas. Essa atitude demanda menos energia, e espera-se que isso se torne uma bola de neve, no bom sentido da expressão.

A teoria do “Mundo Pequeno”, publicada em 1967 pelo psicólogo norte-americano Stanley Milgram, foi a base do conceito do marketing viral. Mais tarde, o estudo ficou conhecido como os “seis graus de separação”, já que mostrou que este é o número máximo de contatos necessários para criar uma ponte entre duas pessoas em qualquer lugar do planeta. Assim, se seis contatos são suficientes para atingir qualquer pessoa no mundo, cada ser humano se torna um importante canal de comunicação.

Atualmente, com o uso da internet, esses contatos ficaram ainda mais simples. Um bate-papo informal pode ‘vender’ uma causa ou uma marca e, pela teoria do mundo pequeno, esse assunto será facilmente expandido de maneira exponencial.

Como utilizar o marketing viral no Terceiro Setor?

Investindo pouco ou, às vezes, nada, é possível divulgar sua causa por meio desta ferramenta.

Mas é importante tomar cuidado com o público que se quer atingir, para que suas mensagens não sejam consideradas inoportunas e inconvenientes. Se isso acontecer, os destinatários podem classificar seus e-mails como spam e ter uma imagem equivocada de sua organização. Afinal, assim como a boa imagem da organização pode ser transmitida com a velocidade de uma epidemia, a imagem ruim também pode.

Para investir sem erro nessa poderosa ferramenta, confira a seguir os sete princípios do marketing viral, que podem ser aplicados facilmente em organizações do Terceiro Setor.

1) Ofereça um produto ou serviço de valor para seus prospectores.
Esse quesito baseia-se na oferta de produtos ou serviços gratuitos. Para instituições, pode ser colocado em prática de outra maneira, por meio de campanhas. Um exemplo é vender produtos que gerem renda à instituição e sensibilizar os receptores em relação à causa.

2) É preciso ser bem definido e de fácil transmissão.
Os meios pelos quais a mensagem passa devem ser fáceis de serem replicados. Assim, é interessante utilizar e-mails e sites gratuitos. É importante que o conteúdo da mensagem seja simples e curto, para que não fique pesada.

3) Capacidade de crescer rapidamente.
A mensagem deve ser retransmitida rapidamente para que, quando os usuários começarem a utilizar o serviço, possam promovê-lo e colocar em prática o marketing viral.

4) Comportamentos comuns.
O ‘vírus’ deve causar um apelo às emoções humanas, especialmente no Terceiro Setor, gerando a vontade de passá-lo para frente.

5) Redes de comunicação já existentes.
Aproveite as redes já existentes, como grupos de amigos, familiares e colegas de trabalho, que podem facilitar a transmissão de mensagens para um maior número de pessoas.

6) Recursos de terceiros.
É possível colocar textos ou imagens em outros sites, por meio de parcerias. Alguns sites permitem que isso seja feito até gratuitamente.

7) Baixo custo.
O ideal é que o único custo no marketing viral seja o da criação do que será transmitido. Quanto mais leve e divertido for, mais chances terá de ser replicado. Atualmente, há a estratégia de criar jogos interativos que prendem a atenção e divertem o receptor.

Com o mundo da internet e a interatividade cada vez mais em alta, não haveria melhor momento para colocar em prática esse tipo de comunicação. Graças à existência de sites gratuitos e com grande número de acessos, como Orkut, Twitter, Google e YouTube, é possível divulgar ações sem gastar nada. Além disso, os sites das próprias instituições devem ser ferramentas práticas, que permitam a comunicação ágil e que demonstrem a transparência e credibilidade da organização.

Por Marcio Zeppelini (consultor em comunicação e marketing para o Terceiro Setor, editor da Revista Filantropia, produtor editorial pela Universidade Anhembi Morumbi e diretor executivo da Zeppelini Editorial & Comunicação)

HSM Online

A força do viral

Ed Robinson, da The Viral Factory, analisa o desempenho desse tipo de ação dez anos após o seu surgimento

Por Paula Ganem

O e-mail, mecanismo considerado "cool" pela geração de 30 e poucos anos, não significa grande coisa para os jovens. Hoje, é preciso contar com outros mecanismos de seeding para espalhar um viral e fazer sucesso na internet.

É esta a conclusão da palestra do co-fundador e diretor criativo da londrina The Viral Factory, Ed Robinson, no New Brand Communication. Ed falou diretamente de Londres via web em substituição ao seu sócio, Matt Smith, que não pôde comparecer ao evento.

Ele disse que hoje os virais não são mais tão baratos (uma campanha global pode custar 300 mil dólares) e são poucos os que fazem sucesso em todo o mundo (Ed estima que sejam menos de 5%).

O criativo, porém, reforçou que este não deve ser um mecanismo usado apenas pela a audiência e que o fato de as marcas terem dinheiro é mais um ponto positivo para alcançar êxito com uma ação do tipo. "O fato de a maioria dos virais ser feita por consumidores não quer dizer que não possamos fazer. Nós somos pessoas do ramo criativo", lembrou.

A The Viral Factory surgiu há dez anos. "É o mais velho que você pode ser no ramo", comentou Ed.

Especialistas discutem o futuro das marcas

New Brand Communication acontece na Faap, em São Paulo

Por Jonas Furtado e Lena Castellón
20 de Outubro de 2009 às 11:11

De 20 a 22 de Outubro, na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), ocorreu a segunda edição do New Brand Communication (NBC). O evento, que acontece em São Paulo, reúne executivos de agências européias e americanas e especialistas em comunicação vindos de nove países que mostrarão cases consagrados para compartilhar suas experiências com profissionais e estudantes de marketing e propaganda.

O evento é idealizado pela Good People Share, rede de relacionamento global que busca entender e compartilhar o que há de vanguarda na comunicação mundial. O objetivo é transformar a inteligência coletiva em conteúdos práticos nas áreas de marketing e publicidade.
A apresentação inicial ficou a cargo do australiano Joshua Green, pesquisador do Instituto Massachusetts de Tecnologia, de Boston (EUA). Coautor do livro You Tube e a Revolução Digital, Green expôs dados da primeira pesquisa de grande escala sobre o conteúdo, estrutura e usuários do mais popular site de vídeos da web.

Segundo a amostragem do estudo, 50% do conteúdo postado no portal é produzido por usuários e 42% pela mídia tradicional. Sessenta e dois por cento dos posts é feito por usuários regulares - ou "comuns".

"Quando postam vídeos produzidos por mídias tradicionais, os internautas querem expressar um gosto, estar por dentro de eventos e comentar sobre os grandes hits", afirmou Green. "Já quando postam vídeos produzidos por eles mesmos, a intenção é se exibirem, comentarem e experimentarem a si mesmos."
Para Green, não é possível entender o sucesso de um conteúdo viral prestando atenção apenas no próprio vídeo. "É preciso qualificar a natureza do relacionamento que as pessoas constroem em volta dele", analisou.

Redes sociais

A segunda palestra do NBC 2009 foi "A nova moral digital: consumidores, marcas e redes sociais", ministrada pelo antropólogo e pesquisador inglês Tim Lucas, da TWRAmericas. A empresa desenvolve estudos e projetos para marcas interessadas em conhecer mais a respeito de tendências culturais e hábitos de consumo do público jovem. Com essa experiência e com base em pesquisas qualitativas, Lucas trouxe algumas das questões que rondam o tema, como os dilemas éticos gerados pelo comportamento nas redes sociais, a privacidade e as implicações do uso da tecnologia na vida cotidiana e no ambiente de trabalho.

A TWRAmericas esteve recentemente conduzindo um trabalho para a Microsoft, em Londres. Um dos dados colhidos é que 69% das pessoas gostariam de esconder seus perfis online de alguém, um índice que leva à discussão de uma nova ética gerada pelo comportamento na web. São dilemas como xeretar as páginas pessoais na mídia social, comentar fatos descritos unicamente na internet ou ter sua vida "analisada" pelos colegas ou pelo chefe no escritório. Uma das perguntas levantadas por Lucas é quanto se pode entender de um indivíduo apenas pelo que ele faz nas redes sociais. Ele aponta que é possível fazer diferentes leituras de acordo com o site pesquisado. Por isso, é preciso ter em mente que a rede social é uma outra forma de interação e de engajamento e que é importante lembrar que elementos como idade, sexo, status ainda são necessários para avaliar os hábitos do consumidor.

E o qual seria o próximo passo na rede social? Lucas afirma que os consumidores terão mais habilidades no mundo digital e que os padrões de comportamento vão mudar das novas ferramentas e do avanço da tecnologia. Ou seja, é preciso acompanhar sempre como as pessoas estão se relacionando na web. Também é fundamental lembrar que, assim como há regras de conversação no mundo real, há regras de conversação no mundo virtual. E as marcas devem estar atentas a isso e respeitá-las.

Sobre privacidade, Tim Lucas discorda da posição de algumas pessoas - entre elas, os próprios consumidores entrevistados para suas pesquisas. "Não acho que a privacidade deixou de existir, mas que o conceito se modificou". No passado, a privacidade era vista como uma maneira extrema de proteger a informação, utilizando todas as ferramentas possíveis para maximizar essa sensação.

Hoje, o indivíduo pondera os riscos e os benefícios em se expor. É como se fosse uma negociação. Mas com o estabelecimento de limites que as pessoas adotam para se proteger. "A grande questão é saber quem está no controle: nós ou a tecnologia", completa Lucas. Uma das conclusões de seus estudos é que o público usa a tecnologia para fazer coisas que gostaria de fazer e não conseguiria se não fosse pela tecnologia, como manter contato com os filhos via MSN. Um dos números apresentados pelo pesquisador indica que 72% das pessoas utilizam a internet no ambiente de trabalho por razões pessoais.