31 agosto 2009

Qualidade em Processos de Marketing


Marketing é uma força que deveria permear toda a empresa, e qualidade deveria ser a preocupação global

Por Marco Botelho, do Mundo do Marketing | 31/08/2009

Atualmente, qualidade é uma função que permeia todos os aspectos do trabalho de uma organização, a utilização de práticas e conceitos de controle de qualidade em marketing não só é factível como também recomendada. Deve-se buscar maior entrosamento entre áreas técnicas (produto) e marketing para reconhecimento mútuo da importância das atividades na busca do aperfeiçoamento contínuo. Enquadra-se, portanto, na mesma categoria de outras funções, tais como custos, despesas, balanços, orçamentos etc. Aplica-se ao desempenho de pessoas, inclusive suas ações e decisões, independente do nível de trabalho que estejam realizando.
No início, o controle de qualidade estava limitado às áreas de produção, no chão de fábrica. Mais tarde foi gradualmente se expandindo para atividades relacionadas à produção, tais como compras, recebimento de material, expedição etc., tornando-se parte regular das amplas atividades de uma empresa.

A partir de uma contextualização de qualidade e de marketing descobre-se a necessidade de se introduzir conceitos de controle de qualidade na área de marketing, devido a sua posição estratégica no sucesso da empresa. O controle de qualidade nas atividades desenvolvidas em marketing resulta em um aperfeiçoamento contínuo no processo de execução das atividades e nas tomadas de decisões. Resulta não somente em uma estratégia competitiva como também se torna fator importante na sustentação do sucesso empresarial pela vantagem competitiva que representa.

O conceito de marketing foi se ampliando e passou a ser compreendido como o processo de planejar e executar a concepção, precificação, promoção e distribuição de idéias, bens ou serviços, para criar trocas que satisfaçam objetivos individuais e organizacionais.

Se imaginarmos a evolução de ambas as atividades - qualidade e marketing - como a partir de um foco de aplicação, expandindo-se em círculos concêntricos, espraiando-se pela empresa, é natural que cheguem a se inter-relacionar. Porém, a necessidade do controle de qualidade em marketing deve-se muito mais à ampliação da noção do que vem a ser qualidade do que da evolução do conceito de marketing. Pode-se dizer que o controle de qualidade alcançou marketing.

Entre as muitas definições de qualidade, utilizaremos daquela que o cliente é quem tem a palavra final sobre qualidade e dá seu veredicto, muitas vezes deixando os produtos nas prateleiras das lojas ou os automóveis nos pátios das fábricas. Qualidade é uma determinação do cliente, não do engenheiro, do marketing e nem uma determinação da alta gerência. Baseia-se na experiência vivida pelo cliente com o produto ou serviço, em relação às suas expectativas anunciadas ou não, conscientes ou inteiramente subjetivas e sempre representando um alvo móvel no mercado competitivo e, qualidade sempre comporta aspectos tangíveis e intangíveis.

O produto com qualidade é aquele com maior valor para o cliente – satisfação, uso, beleza, status, desempenho etc. – e ao menor custo que ele esteja disposto a pagar. Com essa abordagem, as áreas operacionais da empresa interligam-se intimamente à Área de Marketing.

Peter Druker sintetizou a importância de marketing para a empresa quando escreveu: “Até que o consumidor tenha experimentado a utilidade final, não existe realmente um produto; existem matérias primas. E a perspectiva de marketing concebe a empresa como dirigida para a satisfação da necessidade de um consumidor e como provedora de uma utilidade para esse mesmo consumidor”, BOYD; MASSY (1978).

Existe uma clara distinção entre o conceito de vendas e o conceito de marketing. O conceito de venda é uma orientação para a lucratividade através do volume, da perspectiva de dentro para fora, o conceito de marketing demonstra uma perspectiva de fora para dentro, tendo a satisfação do cliente como foco.

Tendo o valor como aquilo que os clientes estão dispostos a pagar pelo produto ou serviço, o valor superior provém de ofertas de preços mais baixos para produtos ou serviços equivalentes aos da concorrência; ou ainda, o fornecimento de benefícios singulares que mais do que compensam um preço mais alto.

Na relação com o cliente no ato da venda, a satisfação ou insatisfação começa a se formar. Nesse momento, um bom produto pode não ser bem aceito pela inépcia do vendedor. As atividades envolvidas no ato da venda requerem um controle sistemático da qualidade para atendimento de padrões de atendimento. Muita atenção deve ser dedicada a essa atividade, pois seu aperfeiçoamento depende muito mais de mudança de atitudes do que propriamente de meios. Entre outras atividades, citamos aquelas que mais afetam a imagem da empresa quanto à credibilidade.

As atividades de pós-venda podem assegurar vendas para sempre. Através do monitoramento das atividades podemos identificar aperfeiçoamentos nos produtos, serviços e processos. Em muitas das atividades de pós-venda, a utilização de métodos estatísticos de controle de qualidade é perfeitamente aplicável. Principalmente no monitoramento de frequência de falhas em uso, incidência de reclamações e aferição do nível de satisfação.

É necessário analisar alguns processos e métodos para evitar ações ilegais ou reações negativas dos clientes, em função da má comunicação do produto em seus aspectos racionais.

“Certificar-se dos preenchimentos legais relativos à propaganda e publicidade dos produtos, os aspectos legais relativos à premiação e outras atividades de promoção. Verificar todo material de propaganda e publicidade quanto a problemas de credibilidade e conteúdo do produto, possíveis reações da concorrência potencialmente capazes de retirar a campanha do ar através dos órgãos responsáveis pela fiscalização, prazos de validade, preços, foto do produto anunciado ou salvaguardas em relação a isso. Certificar-se das garantias funcionais e de serviços”.

A função de qualidade resulta do fato de que a qualidade do produto ou serviço é consequência do trabalho de todos os departamentos da empresa. JURAN (1991) chama a isso de “espiral do progresso da qualidade”. Portanto, a função qualidade é o conjunto das atividades pelas quais atingimos a adequação ao uso do cliente, independente da posição na organização onde essas atividades são executadas. Finalmente, é preciso ter qualidade em tudo que se faz, qualidade total permeia a nossa própria existência: qualidade de vida, qualidade do meio ambiente etc.

* Marco Botelho é Sócio Sênior da Prime Action Consulting. Engenheiro Mecânico. Mestre em Qualidade pela UNICAMP e pós-graduado em Finanças pela FGV.

27 agosto 2009

Cinco tendências para as marcas no mundo digital


Steve Rubel, da Edelman Digital, elenca o que é preciso para que as empresas se relacionem e ganhem dinheiro no mundo virtual

Por Bruno Mello, do Mundo do Marketing | 27/08/2009
bruno@mundodomarketing.com.br

Serviço ao consumidor on-line, reflorestamento da mídia, ignorância seletiva, funcionários estrelas e atração pelas marcas são as cinco tendências principais que estão e que causarão ainda mais impacto no Marketing. Esta constatação é de Steve Rubel, Vice-Presidente e Diretor de Insights da Edelman Digital e autor do Blog SteveRubel.com.
Rubel foi um dos palestrantes da edição 2009 do Digital Age 2.0, participando via videoconferência, e respondeu para onde a tecnologia digital vai levar o Marketing. Antes de falar das tendências, é preciso fazer um parêntese: as empresas estão preparadas para personalizar o relacionamento? “As novas sim, mas é uma questão de cultura e vai levar muito tempo para as empresas atrasadas se adaptarem”, aponta o especialista.

A grande questão destes tempos é pensar em como ter lucro através de uma comunidade virtual, algo que nenhum executivo de marketing pensou antes. “Não há um modelo de negócio para isso”, confirma Rubel. O que existe, ainda, são erros que as empresas cometem ao entrar no mundo virtual. “É um erro pagar blogueiros para falar de produtos. A empresa tem que investir no melhor produto para que ele possa ser comentado espontaneamente”, diz.

Tendências emergentes e urgentes
O primeiro passo é satisfazer o cliente no mundo real e oferecer serviços no virtual. De acordo com a primeira tendência citada por Rubel, a internet é muito boa para tornar as coisas ainda melhores. “As pessoas estão usando as redes sociais para que elas sejam reconhecidas e identificadas. Elas não discam mais o 0800 das empresas, que não funcionam. Por isso usam outros meios para serem ouvidas”, afirma.

Com isso, cria-se relacionamento. Mas apenas para aquelas que auditam as experiências on-line do consumidor e se preparam para engajar as pessoas. E se prepare rápido. Planejamento e realização das ações, às vezes, terão que caminhar juntos para corrigi-las quando necessário. Mudar o destino, inclusive, se for preciso. É o caso das mídias tradicionais que representam uma nova tendência: o reflorestamento da mídia.

“Ela está se reinventando e sofrendo com isso porque cada vez mais as pessoas passam o tempo nas mídias digitais. Todos os tipos de mídias tangíveis estão caindo de circulação. Tem jornais dos EUA que estão fechando a versão impressa e ficando só com a digital. No Brasil isso ainda não acontece muito, mas certamente vai acontecer. É uma mudança imensa que obriga alterações nas áreas de Relações Públicas e Publicidade”, explica.

Aliado do consumidor
A terceira tendência apontada por Rubel é a ignorância seletiva. Com a informação em excesso em toda a parte, “As pessoas tem dificuldade de processar tudo. E estão praticando um tipo de ignorância seletiva, vendo apenas o que realmente é importante, porque se ela for relevante vai chegar até a mim de alguma forma”, ressalta. Para as empresas que quiserem fazer algo novo, basta olhar o que as pessoas visitam on-line e fornecer utilidade em forma de interações. “É importante pensar como fazer para envolver os consumidores. As pessoas vão te encontrar”, completa.

A quarta tendência são as estrelas existentes na própria empresa. São pessoas que ajudam a construir a marca no mundo digital. É o caso da companhia norte americana de armazenagem EMC² que tem uma página com todos os contatos de funcionários que podem se relacionar com os consumidores. “Tem que fazer com que o maior número de funcionários possa se comunicar com as pessoas nas redes sociais”, ressalta o executivo.

A quinta tendência é o poder da atração que as marcas devem provocar. “A propaganda hoje é empurrada. Mas deveria ser o contrário. As pessoas que devem encontrar as informações quando elas procurarem. É necessário criar o máximo de conteúdo para ser encontrado no mundo digital”, aponta Rubel.

26 agosto 2009

Rede Globo adota Business Intelligence para melhorar processos

GESTÃO

Ferramentas de inteligência ajudam empresa a analisar negócios, manter qualidade dos programas e reduzir custos.

Por RODRIGO CAETANO, DA COMPUTERWORLD

24 de agosto de 2009 - 07h00



A Rede Globo, maior rede de televisão do Brasil, está utilizando sistemas de inteligência(BI, do inglês business intelligence) para identificar oportunidades de melhorias operacionais, reduzindo custos. Por atuar em um setor complexo, a empresa vem promovendo um intenso trabalho de mapeamento de processos e análise de negócios.

Segundo o consultor da companhia, Marcos Paiva, o projeto envolve todas as áreas da empresa e deve se estender até 2010, totalizando quatro anos. A Globo trabalha com, aproximadamente, 600 áreas de custo e mais de 200 processos. O grande desafio é relacionar, em cada produto, a qual processo se refere cada área de custo. O número total de pontos relacionais ultrapassa 1 milhão.

Hoje, o principal negócio da empresa é a venda de publicidade. E a complexidade começa no fato do público comprador, os anunciantes, não ser o público final dos produtos da empresa (como telejornais, séries e novelas). Ou seja, basicamente qualquer pessoa que tenha uma televisão.

Além disso, os produtos se relacionam, já que durante um telejornal pode haver uma chamada para a transmissão de um evento esportivo, por exemplo. Um exemplo, o anunciante patrocina o evento esportivo, mas acaba se beneficiando da audiência do telejornal.

A produção dos produtos é, da mesma forma que o modelo de negócios, complexa. Os programas são muito diferentes e envolvem uma enormidade de atividades, desde logística até a construção de cenários. Paiva afirma que, usando BI, a empresa vai poder tomar decisões baseadas mais em informações e não somente na experiência do produtor. “Muitas vezes essa experiência é até confirmada, mas agora temos mais ferramentas para ajudar”, explica o executivo.

O fornecedor escolhido pela Globo foi o
SAS Institute. De acordo com Luiz Mascarenhas, analista de planejamento e controle da empresa e responsável pelo projeto, a robustez da ferramenta, que precisa lidar com uma quantidade muito grande de dados, pesou bastante na tomada de decisão.

Mais do que um projeto de tecnologia, Paiva afirma que o sistema de inteligência está transformando a cultura da empresa. “Estamos com um apoio muito grande da diretoria, que conseguiu ter uma visão de longo prazo”, diz. A gestão da companhia está em processo de amadurecimento, explica o executivo, e ao final do processo a Rede Globo poderá tomar decisões melhores, reduzindo custos, mas mantendo a mesma qualidade na operação.

25 agosto 2009

O Neuromarketing e as mil faces do inconsciente humano


O Neuromarketing apresenta-se como uma ferramenta falha, não de atributos ou argumentos, mas de completude. Saiba por que

Por Paulo Vieira de Castro, do Mundo do Marketing | 25/08/2009
mkt@mundodomarketing.com.br

Ultrapassada a fase do encantamento pelo Neuromarketing, de muitos livros escritos sobre o tema, impõem-se desde logo a reflexão a propósito da possibilidade de novos limites estarem agora em jogo. Sobressai a possibilidade da origem das necessidades e dos desejos humanos estarem para além, e porque não dizê-lo aquém, da mera excitação visível no cérebro humano.

Relembro que a ferramenta sugere o scanner do cérebro como indicador de research para um certo conhecer do ser humano nos momentos de consumo. Tal constatação realça a urgência de um novel universo de possibilidades para o Marketing, todavia levanta igual número de dúvidas.

Consciente vs Inconsciente
Pierre Buser fala-nos das mil faces do inconsciente, afirmando que o cérebro funciona no modo involuntário. Estas circunstâncias, ao se afigurarem como não exclusivas da área comportamental, radicam-se, necessariamente, ao nível das mais subtis competências, ou seja, para além da simples condição físico-química do ser humano, levantando a questão do impulso originário/ancestral por traz de toda a motivação humana.

O diálogo mente-cérebro, de que muito fala António Damásio, é um entre os muitos níveis da dimensão humana, que eu acredito interferir na tomada de decisão nos momentos de consumo. Mas falta responder ao mais velho desafio lançado à ciência: onde encontrar a mente humana? Quem sabe onde ela está?! Para isso nos alertam os cientistas do Mind and Life Institute. Analisar este intervalo de campo será um dos futuros desafios do marketing research.

Mas, quanto vale a consciência humana nas tomadas de decisão? Alain Berthoz afirma que a maioria das nossas ações não são um reflexo da consciência, sejam elas ligadas à percepção, aos movimentos ou à memória, implicando processos cerebrais em dimensões desconhecidas. Pensar o contrário, será quanto a mim, pura ilusão.

Ora, ao imaginarmos um Homem que é mais do que fluxo sanguíneo, ou impulsos elétricos, o Neuromarketing apresenta-se como uma ferramenta falha, não de atributos ou argumentos, mas de completude. Desde o seu aparecimento que partilho das mais elevadas expectativas no que ao Neuromarketing diz respeito, contudo, vejo novos desafios e limitações, bem mais do que novas certezas.

Ray Jackendorf vai mais longe ainda ao afirmar que o essencial da nossa inteligência não está associada à consciência. Mais: o prémio Nobel Gerald Edelman realça o fato de não existirem neuromecanismos com uma linguagem que consiga explicar o que é uma experiência consciente, indo mesmo mais longe ao asseverar que a capacidade da consciência não tem de ter vida, pelo que existe mesmo a possibilidade de futuramente se poder criar uma consciência artificial (1). Para a maioria de nós, entender esta nova conceituação do mundo afigura-se difícil.

Para aqueles que colocam a condição “maquínica”/racional à frente de qualquer outro fundamento, deixo uma especial chamada de atenção para o lugar que terá de ser reservado ao inconsciente nas tomadas de decisão de consumo. Isso significa que não poderemos ignorar os limites do Neuromarketing, uma vez que esta técnica se centra, tantas vezes exclusivamente, no exercício daqui resultante, assombrando erradamente modelos de representação da existência humana com a própria vida, confundindo ser humano com tecnologia.

Quanto vale o diálogo mente cérebro?
Refletindo sobre este assunto desde 2004, acredito agora haver dois campos de especialização no tocante a esta temática. Por um lado, as neurociências, as técnicas de ressonância magnética e outras da imagiologia cerebral aplicada. Por outro lado, os grandes peritos da mente: os budistas através da contemplação meditativa e dos estudos de Abhidharma, ou seja a ciência/psicologia budista da mente.

Mas onde é que budismo e Marketing se podem encontrar, perguntarão. Se considerarmos o Marketing como a ciência da satisfação e o budismo como a ciência da felicidade, poderemos compreender porque cientistas e contemplativos têm trabalhado em conjunto há dezenas de anos. Esta é uma leitura pessoal e inédita, que tenho vindo a desenvolver no projeto Dharma Marketing, o Marketing de proximidade real (www.dharmamarketing.org).

A aproximação entre neurocientistas e budistas dá-se, pelo menos, desde o ano de 1978, através do encontro de vontades de neurocientistas, como Francisco Varela, e do líder espiritual dos budistas (Dalai-Lama), destacando-se neste particular o trabalho do Instituto de Imagiologia Cerebral e Comportamento, da Universidade de Winsconsin, Madison, sendo de salientar a este respeito os trabalhos de Richard Davinson, dentre muitos outros.

As neurociências vêm contando há muito com a preciosa ajuda dos estudos realizados pelo Mind and life Institute. Aliás, bastará para isso ver a qualidade dos cientistas implicados no estudo da mente no site do instituto (www.mindandlife.org). Relembro que o Neuromarketing estuda o cérebro, enquanto o Mind and Life Inst. se debruça sobre o diálogo entre a mente e os seres humanos. Sobre a relação entre cientistas e contemplativos no que ao estudo da satisfação diz respeito falarei num próximo artigo.

O quadro referencial que assiste ao Neuromarketing faz todo o sentido, contudo a estreiteza da tecnologia usada atualmente levanta dificuldades operacionais, pelo que no futuro seremos certamente forçados a procurar novas técnicas de análise mais abrangentes. Relembro que o Homem não é resultado exclusivo do que se passa no seu cérebro, existindo, como facilmente se compreenderá, vida para além dos impulsos biológicos.

Aqui faço referência a uma leitura, igualmente complementar, através de uma perspectiva mais biométrica/holística, isto no pressuposto que urge definir padrões para além dos convencionais sexo, idade, etc. Tais afirmações poderão levar-nos a pensar que estamos ainda muito longe de compreender quem comanda as decisões de consumo, tornando-se evidente a necessidade de repensarmos o Neuromarketing, enquanto ferramenta de aplicação prática, alargando o nosso universo de análise assistidas pela tecnologia.

Por si só, o Neuromarketing terá, obrigatoriamente, que assumir outros vínculos com o desígnio de permitir a expressão da intencionalidade e propósitos da existência humana. Para isso, talvez seja necessário - em parte - abrir mão de antigos valores e expectativas.

Conforme amplamente referido, enquanto ferramenta de research, as tradicionais técnicas de inquérito apresentam algumas dificuldades em especial no tocante ao entendimento comunicacional, isto porque os limites das técnicas clássicas de análise de mercado se prendem com o fato da linguagem se desenvolver a partir de si mesma, ou seja, aquilo que se fala funciona muitas vezes ao revés do que se pensa.

Ao acreditar no que as neurociências afirmam, em especial na importância do inconsciente sobre as decisões do ser humano, os clássicos métodos de estudo de mercado poderão estar em parte comprometidos. Relembro que, pensar que será possível encontrar no cérebro humano um “buy button” tem-se manifestado um esforço inconclusivo, atirando-nos para a necessidade de uma abordagem mais holística/integral quando pensamos o comportamento do consumidor. Ante uma mecânica, uma tensão biológica e impulsos físico-químicos, necessidades e desejos, o Neuromarketing dá-nos, simplesmente, a ínfima parte do resultado de um jogo de que desconhece as regras.

Tenho partido nas minhas últimas análises de um desafio lançado por Schopenhauer, ao assumir que o Homem pode, é certo, fazer o que quer, mas não pode querer o que quer, obrigando-me deste modo à reflexão a propósito das circunstâncias que se afiguraram para além da simples condição físico-química do cérebro. Em conclusão: poderemos dizer que o diagnóstico resultante do Neuromarketing se inscreve no âmbito de aplicação do “fazer o que quer” do Homem de que nos falava Schopenhauer, mas muito dificilmente poderá o Neuromarketing certificar maior conhecimento sobre um Homem incapaz de “querer o que quer”.

Nesta perspectiva, o Neuromarketing poderá ganhar um novo ânimo. Contudo, resta a dúvida: quão inconsciente será a decisão de consumo. Isso revela novos desafios, em especial para os publicitários, já que o mundo em que vivemos é - em grande medida - resultado da construção inconsciente que dele temos, tendo-se tornado - nos últimos anos - o desejo pelo consumo o mais complexo paradigma do comportamento humano.

Sabe-se que o Neuromarketing é uma ferramenta com amplas potencialidades, porém, exige orçamentos demasiado generosos, isto para resultados que não são, ao contrário do que se imaginava há alguns anos atrás, a solução para todos os problemas do Marketing Research. Assim sendo, as empresas que poderão estar interessadas neste tipo de análise de mercado serão aquelas as que participam no jogo da influência global.

* Paulo Vieira de Castro é consultor de empresas e diretor do Centro de Estudos Aplicados em Marketing, do Instituto Superior de Administração e Gestão, Porto - Portugal. geral@paulovieiradecastro.com

24 agosto 2009

Mercado melhora sua previsão para o ano

Conjuntura

24 de agosto de 2009


O mercado financeiro melhorou a previsão para o desempenho da economia neste ano e no próximo e reduziu o cenário para a inflação em 2009, segundo relatório Focus divulgado nesta segunda-feira. A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 passou de queda de 0,34% na semana anterior para declínio de 0,3%.

A estimativa para 2010 foi elevada, de crescimento de 3,8% para 4%. Para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, o relatório apontou 4,32%, ante previsão de 4,37% na semana anterior. Foi a quarta semana de queda. O prognóstico para a inflação no ano que ficou estável, em 4,3%.

Os dois números do IPCA estão abaixo do centro da meta estabelecida no início do ano pelo governo, de inflação de 4,5% em 2009. A estimativa para a taxa Selic no fim deste ano permaneceu em 8,75%. Para o fim 2010, persistiu em 9,25%. Para a taxa de câmbio no fim de 2009 e 2010, as previsões foram mantidas em R$ 1,85.

(Com agência Reuters)

www.veja.com.br

14 agosto 2009

Confira como a Copa de 2014 agitará mercado de trabalho no Brasil

Não são somente os membros da comissão técnica, juízes e os jogadores que terão a oportunidade de impulsionar suas carreiras durante a Copa do Mundo de 2014, que acontecerá aqui no Brasil. Longe dos gramados, a estimativa é de que vagas de emprego sejam criadas, e não são somente nas cidades que sediarão o campeonato mundial.
Para se ter uma ideia da grandiosidade do evento para o mercado de trabalho nacional, uma pesquisa realizada pela FGV Projetos, a pedido da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), revelou que a Copa do Mundo de 2014 deverá gerar 3,6 milhões de empregos no Brasil.
E esses empregos não devem ser gerados somente no ano da Copa. De acordo com a consultora de Carreira da Catho Consultoria em RH (recursos humanos), Mayra Fragiacomo, agora, cinco anos antes do evento, o mercado de recrutamento já está se movimentando, estimulado pelas empresas brasileiras.
Antes
A movimentação tem sido mais forte em duas áreas: construção civil e marketing. No primeiro caso, os motivos são óbvios, já que o Brasil não quer fazer feio durante o evento, apresentando estádios em condições precárias.
"Há um grande movimento em construção civil, em infraestrutura, que tem de estar pronta o quanto antes. O movimento não é só de contratação de mão-de-obra menos qualificada, mas de executivos, como gestores de obra, que são cargos mais estratégicos", explicou Mayra.
E erra quem pensa que a infraestrutura se resume aos estádios: "é preciso pensar fora da caixa", ressalta a consultora. O que ela quer dizer é que existe toda uma gama de serviços que está por trás dos holofotes e dos gramados, como hotéis e restaurantes. Uma grande rede de hotéis, exemplifica, já está contratando mão-de-obra para construir unidades novas em cidades-sede.
Além da construção civil, outra área que já está agitada para a Copa é a de marketing focada em esportes. Essa era uma área que já estava aquecida, mas que teve um "agito" fora do comum por conta do campeonato mundial.
"Esse é o momento de plantar, para colher lá na frente", afirmou a consulta. Por isso, muitas empresas já estão procurando eventos e jogadores para patrocinar, com o objetivo de estreitar relacionamentos e, no momento da Copa, ganhar mais visibilidade. A concorrência para conseguir tudo isso vai ser grande e já é preciso escolher no mercado os profissionais mais preparados da área de marketing.
Durante
Depois de montada toda a infraestrutura e de iniciado o campeonato, entram em campo os profissionais que lidarão com a organização do evento: seguranças, guias turísticos, garçons, camareiras e demais profissionais de menor qualificação serão bastante demandados.
De acordo com Mayra, muitas pessoas falam que a Copa gerará empregos "pontuais e temporários", o que está errado quando se estende a afirmação para todos os tipos de emprego. Isso é verdade quando se fala em empregos de menor qualificação, que têm relação direta com o funcionamento do evento.
E esses profissionais, dependendo do desempenho mostrado durante o campeonato, podem sim conquistar uma vaga no mercado de trabalho. "Alguns serão absorvidos, mas outros não", ponderou a consultora.
Depois
Dependendo de como a imagem do Brasil ficar depois da Copa do Mundo de 2014, pode-se ter certeza de que dois mercados sairão mais aquecidos: o de comércio exterior e turismo, de acordo com Mayra.
É fácil de notar isso: se uma empresa percebe que um evento organizado mundialmente por um país foi brilhante, passa a confiar mais nele. Com isso, as companhias desse país ganham mais visibilidade e o número de negócios com o exterior cresce, o que é bom para os profissionais que atuam nessa área.
E aí surge a resposta para o motivo de Mayra pensar que a Copa não gera só empregos temporários: você acha que uma empresa demitiria um profissional estratégico que a ajudou a passar uma boa imagem durante a Copa e que, por isso, movimentou o número de negócios?

19 de junho de 2009 às 00:10
Por Flávia Furlan Nunes - InfoMoney

Brasil: nem X, nem Y. Geração XY

Em nosso País é possível criar o seu próprio modelo, chamado pela especialista de Geração XY.

A chegada da geração Y ao mundo corporativo americano já suscitou centenas de análises no Brasil sobre os melhores métodos para atrair e reter os talentos dessa safra. Não abriu, contudo, espaço para uma questão essencial e anterior: temos no País realmente contingente significativo de profissionais da geração Y, da mesma maneira característica que há nos EUA? A resposta é não.
Jovens entre 20 e 30 anos com grande potencial de liderança, os Y são ambiciosos, buscam dedicar-se a projetos que representem suas causas, reconhecimento e evolução rápida na carreira. Ao mesmo tempo, não lidam bem com restrições e se pautam pelo imediatismo: sem resultados palpáveis para seus projetos, tendem a dispersar.
As características têm fundamento na própria formação dos indivíduos Y. Eles contam com um perfil diferenciado frente à média: têm fluência em diversos idiomas, foram educados para desenvolver espírito empreendedor, contam com boa formação escolar e contabilizam períodos de vivência no exterior. São muitos. Nos EUA e em algumas regiões do Brasil.
Sua abrangência no País, porém, é menor do que a série de avaliações sobre a geração Y permite supor. Basta olharmos para as diversas regiões do Brasil que, mergulhadas recentemente num cenário de estabilidade e desenvolvimento, começaram a produzir agora os primeiros representantes de uma geração anterior, a X.
Marcada por profissionais extremamente pragmáticos, a safra dos X reúne executivos cujas ações são orientadas pelo senso de oportunidade. São ágeis no aprendizado e bons empregados, daquele tipo que, em alguns segmentos, merecem o chamamento de “pé de bois”. Não é à toa. Eles têm como foco construir uma carreira sólida - muitas vezes, o que acontecerá numa só empresa que lhes dará diversas oportunidades - por meio da qual possam ascender socialmente e conquistar bens e posição econômica que seus pais nunca atingiram.
Para isso, dedicam-se ao trabalho e ao crescimento econômico, acumulam riquezas, planejam suas previdências – em grande parte por temer que seu futuro fique à mercê de incertezas econômicas que abalaram a vida daqueles que foram seus exemplos.
Foi em meio à dedicação ao trabalho e ao crescimento econômico dos profissionais da geração X que nasceram os jovens que hoje formam a safra dos Y. Eles são, em muitos casos, os filhos que assistiram aos pais trabalharem demais, sofrer com estresse, dedicar pouco tempo a temas não-corporativos e acumular riquezas para financiar a estabilidade e a elevada qualidade de educação dos herdeiros.
Em resumo, é possível dizer que boa parte da relação dos X com trabalho e dinheiro é o que molda hoje a postura dos Y frente à carreira, assim como o desejo deles por algo atrelado a valores, crenças e mais qualidade de vida.
O que observamos cada vez mais em nossos jovens talentos é que eles se apropriam do que realmente faz sentido para sua trajetória profissional. Se antes os modelos, adequados ou inadequados, e os modismos, adaptados ou não adaptados, ditavam o comportamento de muitos destes jovens, hoje eles olham para seus interesses e características e, cada vez mais cedo, buscam alinhar suas expectativas pessoais às profissionais. Isso é um sinal de maturidade, uma vez que, muitos profissionais só se dão conta que podem fazer escolhas em uma fase bem posterior de vida e carreira.
Há muitos e muitos casos de homens e mulheres no Brasil que, parte da geração X, criaram empreendimentos únicos ou apoiaram suas empresas, como executivos, a trilhar o caminho do crescimento. É um erro, porém, considerar que agora a principal fonte de novos executivos para a estrutura corporativa brasileira serão seus filhos, os jovens e tecnológicos Y. Eles ainda são poucos quando se consideram toda a população e o potencial brasileiro.
É aí que reside a sabedoria de algumas empresas que, de nacionais transformaram-se em globais: ao perceber que, como um País recém inserido no quadro de maior desenvolvimento, o Brasil é uma fonte maior de profissionais da geração X, elas pautaram seu crescimento em estratégias que gerem oportunidades para estes profissionais.
São companhias que oferecem aos seus funcionários desafios locais e internacionais, sabendo o que é mais importante a este publico e sem renegar os jovens Y com o qual eventualmente contam. Enfim, são as empresas que estão formatando um modelo de gestão baseado na população brasileira e em suas características específicas. É a sabedoria de saber que o País não replica o modelo das gerações americano, mas pode criar o seu próprio. Sem X ou Y. Somos X e Y.

Por Fátima Rosseto (Leadership Development Director da DBM Brasil, consultoria especializada em gestão do capital humano em momentos de transição)
HSM Online
13/07/2009